O presidente Luiz Inácio Lula da Silva definiu, na noite do domingo (13), a criação de um comitê com empresários para discutir saídas diante da crise provocada pelo anúncio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelo governo dos Estados Unidos.
A decisão foi tomada em uma reunião no Palácio da Alvorada com ministros da área econômica, política e o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.
Durante o encontro, segundo presentes, Lula também pregou o diálogo como caminho para tentar reverter a taxação. A recomendação do presidente é de que integrantes do governo procurem autoridades americanas para tratar do tema de forma técnica.
A expectativa do Planalto é que o histórico de boa relação comercial entre os dois países possa ajudar a reverter a decisão.
A formação do comitê é uma aposta de Lula para demonstrar o esforço do país, envolvendo diferentes setores da sociedade na busca por soluções.
A participação do setor empresarial na resposta reforça a estratégia do presidente de que o tarifaço não é um problema de governo, mas uma questão nacional. Desde que Donald Trump anunciou a medida, Lula tem reiterado a necessidade de união e defesa da soberania brasileira.
Com a criação do comitê, que funcionará de forma consultiva, o governo pretende mostrar que está aberto a construir uma resposta conjunta e transformar a crise em ativo político e institucional.
A reunião contou com a presença do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin; do ministro da Fazenda, Fernando Haddad; do titular da Agricultura, Carlos Fávaro; da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann; do ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira; além de Maria Laura da Rocha, secretária-geral do Itamaraty, e Miriam Belchior, secretária-executiva da Casa Civil.
A presença de representantes de áreas estratégicas do governo evidencia a preocupação com os impactos econômicos e políticos do movimento americano. Ao longo da última semana, o Planalto tem buscado reagir com cautela à medida. A chamada Lei da Reciprocidade, que permitiria aplicar tarifas equivalentes sobre produtos americanos, deve ser considerada apenas se os esforços de negociação não forem adiante.
Segundo interlocutores, Lula teria reforçado que, neste momento, o foco segue sendo a tentativa de reversão da medida a partir do diálogo com os Estados Unidos. (Foto: Mauro Pimentel/AFP).