Ignorando a divisão interna e a ausência do senador Fernando Bezerra Coelho e o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, o governador Paulo Câmara (PSB) afirmou, neste domingo (27), durante o 14º congresso estadual da legenda, que o partido está unido e coerente. O discurso contradiz o que o próprio Câmara e outros correligionários já declararam em momentos recente.
No discurso, Câmara disse ao presidente estadual reeleito do PSB, Sileno Guedes, que ele teria a missão de “continuar a unir o PSB”. Com diversas referências ao padrinho político, ex-governador Eduardo Campos (PSB), morto em 2014, Câmara disse que “o momento do PSB hoje é especial”.
“Eu tenho certeza, desde que, Eduardo nos deixou, este é o melhor momento do Partido Socialista Brasileiro. O partido está unido, está coerente e está numa defesa incansável do Brasil. E essa defesa para o ano será decisiva para a gente construir o Brasil que a gente quer: um Brasil melhor, mais justo e mais igual e que acabe de vez com essas desigualdades que tanto nos preocupa e nos agride”, declarou Câmara.
Não sabe-se, contudo, se a ideia de união e coerência declarada por Câmara faz referência a iminente saída da família Coelho do partido ou o socialista decidiu ignorar a insatisfação já declarada dos correligionários. A não presença deles deu margem a um ato em apoio a reeleição de Câmara, sem constrangimento, visto que os Coelho tem feito diversas críticas ao trato político do governador. O governador ignorou também a perda política no Sertão que a saída do grupo pode acarretar.
Um socialista, que esteve no evento, avaliou que o governador errou ao desconsiderar a força da família Coelho no governo estadual no que tange espaço e diálogo. Mas há também o imbróglio relativo a instância nacional, visto que o grupo vem se posicionando diferentemente das decisões da legenda. Há um processo no conselho de ética do PSB contra o senador e o ministro. Eles, inclusive, usaram deste processo para justificar a ausência neste domingo.