O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e Pesada (Marreta), que decretou greve por tempo indeterminado há dois dias, informou que a paralisação já conta com 97% de adesão da categoria. A decisão de cruzar os braços foi tomada após o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Pernambuco (Sinduscon–PE) faltar às últimas tentativas de negociação da campanha salarial 2015, no Ministério do Trabalho, segundo o Marreta. A categoria uniu-se e a greve acontece simultaneamente em todo o estado.
De acordo com o sindicato, mais de 100 mil trabalhadores pararam as atividades. Ontem à tarde, o Marreta realizou ato em frete à Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE), onde acontecia uma reunião com lideranças, cobrando uma atitude para resolução do impasse.
Para a presidente do Marreta, Dulcilene Morais, a avaliação após primeiro dia de greve foi positiva com o aumento de número de canteiros parados e engajamento dos trabalhadores na luta por seus direitos. Ela disse que algumas empresas de construção estão procurando o sindicato para fazer acordos isolados, por não concordarem com a postura do Sinduscon-PE e Ademi-PE em relação ao não reajuste salarial e fuga da negociação.
“A cada hora aumenta o número de canteiros parados, e a greve vai continuar por tempo indeterminado até a patronal oferecer proposta de reajuste para o dia 1º de outubro, conforme prevê a convenção coletiva do setor”, explicou Dulcilene.
Sobre as declarações dadas pela classe patronal à imprensa onde o Sinduscon-PE estimula as empresas a cometerem supostas ilegalidades contra os operários da construção, orientando os empresários a contratarem segurança armada para seus canteiros, ameaçando os trabalhadores, e a descumprirem a lei de greve quando falam em descontar os dias de paralisação após serem devidamente notificados dentro da previsibilidade legal, o Marreta atenta que a empresa que seguir as orientações será responsabilizada legalmente pelos seus atos.
Dulcilene reforçou que as empresas não podem deixar de pagar o adiantamento quinzenal a seus funcionários, pois a greve começou no dia 16, portanto, após os dias trabalhados. Além disso, não podem deixar de pagar a primeira parcela do 13º salário no próximo dia 30, sob pena de multa trabalhista.
Pernambuco conta atualmente com cerca de 500 obras e 120 mil trabalhadores da construção civil. Além da Região Metropolitana do Recife (RMR), outras regiões aderiram a greve, como Goiana e Gravatá, além do movimento causado pelos sindicatos do setor no interior do estado. A dirigente do Marreta destacou que enquanto não houver negociação com a patronal, as obras continuarão paradas, sem prazo para serem retomadas.
Negociação salarial
As reivindicações do Marreta são reajuste salarial de 20%, adicional de hora extra de 100%, não ampliação de jornada de trabalho para os sábados, vale-alimentação no valor de R$ 200 e melhorias no café da manhã e almoço dos operários. De acordo com Dulcilene, a situação de emprego na construção civil em Pernambuco segue estável.
“Os trabalhadores estão em revezamento de obras dentro das próprias empresas, além do Governo do Estado que prometeu investimentos nas obras paradas”, explicou, justificando a proposta de reajuste salarial exigida pelos trabalhadores.
Já a proposta apresentada pelo Sinduscon-PE, segundo o Marreta, é de não haver aumento salarial, piorar as cláusulas da CCT para a classe trabalhadora e mudar a data-base da categoria para o dia 1º de abril (atualmente é 1º de outubro), e assim adiar a pauta de reivindicações para que seja discutida apenas em março de 2016.
Em Petrolina a categoria deverá decidir na próxima semana se adere ou não o movimento.