O extermínio da juventude negra em Pernambuco foi tema de Audiência Pública da Comissão de Cidadania da Assembleia, nesta segunda (25). O Estado apresenta maior proporção de jovens negros assassinados em relação a jovens brancos, e ocupa o segundo lugar no ranking nacional de vulnerabilidade juvenil à violência. Como encaminhamento, o presidente da Comissão, deputado Edilson Silva (PSOL), propôs a realização de um seminário sobre o tema, que irá subsidiar a elaboração de um plano de ação para o colegiado.
De acordo com o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade (2014), divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a chance de um jovem negro ser morto em Pernambuco é 11,5 maior que a de um branco da mesma faixa etária. No ranking nacional, o Estado está atrás apenas da Paraíba (13,4). “Iniciamos hoje um trabalho para manter sinergia com os atores sociais na soma de esforços e força política, a fim de dar os encaminhamentos necessários para cessar esse extermínio”, declarou Edilson.
Avaliando que Pernambuco vive uma “situação de descaso”, a deputada Teresa Leitão (PT), que propôs a audiência em conjunto com o deputado Bispo Ossesio Silva (PRB), criticou a banalização do extermínio da juventude negra no Estado e cobrou uma mudança de postura do Governo Estadual. O Bispo Ossesio chamou atenção para o fato de que o problema não é recente: “Precisamos nos unir para lograr êxito, porque essa luta é de longas datas”.
Presidente do Fórum de Juventude Negra, Alersson Teixeira destacou que a diferença entre as taxas de homicídio de brancos e negros é um reflexo da situação que a juventude negra enfrenta. Conforme o estudo do Fórum de Segurança Pública, a taxa de homicídio entre jovens brancos, em Pernambuco, é de 8,4, e chega a 96,9 entre os negros. “Chego à conclusão de que o problema está no sistema. A lógica da segurança pública também está equivocada, porque sabemos que a polícia é responsável por 30% da morte de jovens no Brasil”, denunciou Teixeira.
Também presente ao encontro, o deputado Joel da Harpa (PROS) se colocou à disposição para debater o tema de forma conjunta com a Frente Parlamentar em Defesa da Segurança Pública, presidida por ele.