OMS alerta sobre o aumento mundial dos casos de sarampo e baixo índice de vacinação

De acordo com o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Europa registrou em 2024 o maior número de casos de sarampo em mais de 25 anos, com mais de 120 mil casos notificados. Este número foi o dobro do número de casos registrados em 2023. “O sarampo está de volta e é uma chamada de atenção. Sem taxas de vacinação elevadas, não há segurança sanitária”, afirmou Hans Kluge, diretor da OMS para a Europa.

A OMS comunicou que, assim como em outras partes do mundo, a Europa registrou um aumento substancial de casos de sarampo nos últimos anos. Nos primeiros três meses de 2024, o sarampo foi notificado em 45 dos 53 países da região europeia da OMS, totalizando quase 57 mil casos e quatro mortes. A Grã-Bretanha confirmou 2.911 casos de sarampo em 2024, o maior número de casos registrados anualmente desde 2012. “Mesmo um caso de sarampo deve ser um apelo urgente à ação”, diz Kluge.

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Os EUA também registraram a sua primeira morte por sarampo desde 2015, apos uma criança que não foi vacinada ter morrido, num surto na zona rural do oeste do Texas. Em geral, a maioria dos casos nos EUA é levada ao país através de pessoas que viajaram para o estrangeiro. Até o momento, as autoridades do Texas registraram 124 casos de sarampo. O estado vizinho Novo México registrou nove. “O sarampo em qualquer lugar é uma ameaça”, informa o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA. Mas, nos Estados Unidos, a maioria dos estados está atualmente abaixo do limiar de 95% de vacinação para crianças pequenas, o nível necessário para proteger as comunidades contra surtos de sarampo.

Além disso, peritos independentes declararam o continente americano livre de sarampo endêmico em 2016, no entanto esse estatuto foi perdido em 2018 devido a surtos de sarampo no Brasil e na Venezuela. A redução das taxas de vacinação está sabotando os esforços para erradicar totalmente a doença, dizem os especialistas.

A UNICEF informou que cerca de 40% das infecções por sarampo na Europa e na Ásia Central ocorreram em crianças com menos de cinco anos e que mais de metade das pessoas doentes com sarampo tiveram de ser hospitalizadas. A Romênia foi o país com mais infecções de sarampo, com mais de 30 mil casos, seguida do Cazaquistão, que registrou 28.147 pessoas com a doença. A OMS e a UNICEF apontaram ainda que a Bósnia e Herzegovina e também Montenegro menos de 70% e 50% das crianças, respectivamente, foram vacinadas contra o sarampo nos últimos cinco anos.

O sarampo é tão altamente infeccioso que é necessária uma imunidade de 95% para evitar epidemias, segundo a OMS. OU seja, infeta cerca de 9 em cada 10 pessoas expostas se estas não tiverem uma imunidade suficientemente forte. O sarampo é uma das doenças mais infecciosas do mundo e é transmitido por um vírus transportado pelo ar. Estima-se que duas doses da vacina contra o sarampo são eficazes em 97% na prevenção da doença, que normalmente infeta o sistema respiratório e causam sintomas como febre, tosse, corrimento nasal e erupção cutânea. Em casos graves, o sarampo pode causar pneumonia, encefalite, desidratação e cegueira.

Em 2023, foram registraram surtos em 57 países, incluindo Índia, Indonésia, Rússia, Iêmen e Iraque. A República Democrática do Congo (RDC) registrou o maior número de casos, com 311.500 mil infecções nesse ano. Mais de 10 milhões de pessoas foram infectadas com sarampo em 2023, tendo sido registradas quase 108 mil mortes. A maioria eram pessoas não vacinadas ou crianças com menos de cinco anos. Os casos foram mais comuns em zonas da África, Oriente Médio e Ásia, onde os rendimentos são baixos e os serviços de saúde insuficientes. Já em locais onde o sarampo foi erradicado, os casos foram propagados por viajantes de outros países.

Importância dos níveis elevados de vacinação

Os especialistas apontam para a diminuição das taxas de vacinação contra o sarampo em todo o mundo desde a pandemia da Covid-19. A taxa mundial de vacinação infantil caiu nos últimos anos, passando de 86% em 2019 para 83% em 2023, devido a interrupções na imunização e nos cuidados de saúde insuficientes devido à pandemia. A OMS estima que a vacinação ajudou a evitar mais de 60 milhões de mortes em todo o mundo entre 2000 e 2023, à medida que se intensificaram os esforços para levar as vacinas a mais pessoas. Antes da introdução da vacina em 1963, as grandes epidemias causavam cerca de 2,6 milhões de mortes por ano.

Entetanto, após uma queda na cobertura da vacinação durante a pandemia de coronavírus, os casos de sarampo aumentaram em 2023 e 2024, com as taxas de vacinação em vários países ainda inferiores ao que eram antes da covid-19.

Os cientistas estimam que mais de 95% da população precisa de ser vacinada para evitar surtos. “O sarampo pode ser totalmente evitável através da vacinação. Duas doses das vacinas contra o sarampo previnem a infecção, a doença e, consequentemente, a transmissão. Com uma elevada taxa de adesão global, o mundo poderia erradicar esta doença. No entanto, o sarampo é incrivelmente infeccioso, mais do que, por exemplo, as variantes da covid-19. Mesmo com uma ligeira diminuição do uso da vacina, os surtos são inevitáveis”, afirmou Michael Head, investigador sênior em saúde global na Universidade de Southampton, no Reino Unido. (foto: Marcelo Camargo/Arquivo Agência Brasil).

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