Inflação: senador Fernando Bezerra considera que “dose” elevada de juros aprofunda crise fiscal

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Na Tribuna do Senado, nesta quinta-feira (20), o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) falou sobre temas que – embora não sejam “novos”, como comentou o parlamentar – permanecem como grandes preocupações do país: a elevada taxa de juros e a inflação. Na avaliação do senador, o aperto excessivo da política monetária brasileira reduz investimentos e empregos, sobrecarrega a conta de juros do orçamento público, reduz a arrecadação e torna mais difícil o ajuste fiscal.

“O atual nível de juros é um tiro no pé do próprio setor público, pois agrava a queda do nível de atividade e aprofunda a crise fiscal, que atinge um grau agudo”, afirmou. “Elevar tão bruscamente a taxa de juros para reduzir uma inflação – que é, por sua própria natureza, circunscrita a um momento – é punir inutilmente o setor produtivo, punir a indústria, punir o comércio, punir o trabalhador”, completou o senador.

Ao clamar para que o governo ouça as ponderações do Legislativo e considere a possibilidade de moderar o aperto monetário atual, Fernando Bezerra fez uma analogia entre a alta taxa de juros e elevadas doses de medicamentos: “o excesso na dosagem arrisca não apenas a causar sofrimento inútil ao paciente; mas, a retardar sua recuperação”, ressaltou Fernando Bezerra.

Durante o pronunciamento, o senador defendeu que uma contração monetária mais suave poderia ser igualmente eficiente para o controle da inflação “transitória”. Ao avaliar que a taxa brasileira de juros está, “mais uma vez, totalmente desalinhada com os índices praticados no resto do mundo”, Bezerra Coelho lembrou que em uma lista de 150 países, o site Trading Economics, dedicado à comparação internacional de dados econômicos, coloca o Brasil entre as 14 nações com as taxas de juros mais elevadas do mundo.

“Ocupam os primeiros 20 lugares da lista, países que estão em estado de conflito, como a Ucrânia; países com problemas econômicos agudos, como a Venezuela; países em estado de calamidade, como o Haiti; países com dificuldades com a comunidade internacional, como a Bielorrússia; países sob imposição de sanções, como o Irã; e, para a nossa surpresa, o Brasil”, lamentou. “Tenho o sentimento profundo que o nosso país não mereceria pertencer a esse clube”, acrescentou o senador.

Ao reconhecer os esforços do Banco Central em perseguir a meta de inflação fixada e a do Conselho Monetário Nacional em defender o valor da moeda, Fernando Bezerra ponderou que a inflação deva ser combatida de forma racional, proporcional e em sintonia com a conjuntura: “meu objetivo não é combater o remédio; mas, apenas, alertar para o risco de adoção de uma dose exagerada”