Nove anos após o início das obras no canal da transposição do Rio São Francisco, as rachaduras se espalham por vários quilômetros, no Sertão de Pernambuco. O vento, o clima seco do nordeste e as altas temperaturas fazem os blocos de concreto racharem. O problema acontece, principalmente, em trechos do canal no município de Floresta, PE.
Segundo a Secretaria de Infraestrutura Hídrica, não é descartado o aparecimento de novas rachaduras no empreendimento. “No caso de advento de fissuras acima de 0,4 mm, as empresas construtoras procedem a sua reparação ou o refazimento da placa sem custo para a administração pública”, enfatizou o órgão. Ao todo, foram identificados 518 metros de fissuras somente nos canais da Meta Leste1.
As fissuras no canal da transposição do Rio São Francisco já teriam sido previstas pelo Ministério da Integração Nacional. Por esse motivo, foi elaborado até um projeto para execução de serviços de prevenção e tratamento adequado. A construtora responsável pela etapa da Meta 1 Leste, em Floresta, no Sertão de Pernambuco, por exemplo, já estaria providenciando reparos.
A secretaria de infraestrutura também garantiu que as fissuras não vão prejudicar a impermeabilidade do canal. A “estabilidade” e “resistência” estariam nos aterros ou terreno escavado. Um dos trechos da transposição que estava parado há cerca de dois anos voltou a ser executado no último mês. O mato cobria toda a área que estava abandonada. Agora, máquinas e homens trabalham a todo vapor em vários trechos da obra.
Quem não vê a hora da transposição ser concluída é o agricultor Luís Sérgio Cordeiro, de 49 anos. Atualmente, ele e sua esposa precisam carregar água em baldes para matar a sede dos seus animais. “Quando destruíram essas terras para construir o canal, fizeram várias promessas. Nós seríamos “indenizados” com água. Mas até agora nada. Não tenho nem ideia de quando essa obra vai terminar”, lamenta o agricultor.
O PROJETO – Hoje, mais de 70% das obras do canal da transposição do Rio São Francisco estão concluídas. Após sucessivas promessas, o Ministério da Integração Nacional disse que os serviços serão concluídos em 2016. O prazo original era 2010, ainda na gestão do ex-presidente Lula. O projeto pretende beneficiar 12 milhões de pessoas que sofrem com a seca em quatro estados do Nordeste. (NE10).