“Tem diretor de clube que financia e dá ônibus e ingresso”, diz secretário de Defesa Social após “guerra” de organizadas

“Não adianta dizer que torcida organizada é problema de segurança pública. Tem diretor de clube que financia, dá passagem de ônibus, ingresso cortesia, que janta e confraterniza com pessoas que já foram presas”, afirmou Alessandro Carvalho, secretário de Defesa Social de Pernambuco.

A declaração foi dada em entrevista coletiva, na manhã desta segunda-feira (3), após um sábado de barbárie envolvendo as organizadas de Santa Cruz e Sport.

No omento em que era realizada a coletiva da SDS, a Federação Pernambucana de Futebol (FPF) e os clubes soltaram uma nota em que afirmam que “a decisão do Estado de impedir a presença de torcedores não ataca o verdadeiro problema, mas apenas o mascara. A solução efetiva passa pela atuação firme e eficaz do Poder Público no combate aos criminosos travestidos de torcedores”.

No jogo de sábado (1º), válido pelo Campeonato Pernambucano, grupos rivais transformaram várias ruas da Região Metropolitana do Recife (RMR) em praças de guerra. Um dos confrontos mais pesados ocorreu na Rua Real da Torre, na Zona Oeste do Recife.

“Temos casos de torcida organizada treinando luta dentro de estádio, dentro de clube, dirigentes confraternizando com integrantes de torcida que já foram presos pela Polícia. Nós ouvimos de várias fontes que há financiamento de ônibus, de refeição, de ingresso”, ressaltou o secretário.

Em um tom defensivo, Alessandro Carvalho afirmou que a violência no futebol e a segurança não são “só responsabilidade da Segurança [do Estado], é dos Clubes e da Federação”.

“Dizer que dentro do estádio não tem problema, o problema é na rua, é um problema de segurança pública. Eu pergunto: quem é que faz a segurança dentro do estádio?”, questionou. “É a Polícia Militar, a Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros, tá? Não tem segurança privada nem para organizar uma fila”.

Em crítica aos clubes, Alessandro afirmou que “os clubes e a Federação precisam tomar medidas de controle de quem compra o ingresso e de quem entra [no estádio] para que a gente possa responsabilizar”.

Segundo o secretário, o ingresso é vendido “ou dado” no dia do jogo, o que atrapalha no planejamento policial, já que não se sabe qual o público. “Eu vou colocar o efetivo considerando a lotação total do estádio, vou comprar folga de um policial e não tem a lotação total no final. E eu tô tirando policial da rua que podia tá tomando conta de todos nós, de toda a população”, reclamou.

O comandante-geral da PM, coronel Ivanildo Torres, disse que, aproximadamente, 650 pessoas foram levadas para o Batalhão de Choque. Desse total, 200, segundo a Secretaria, tinham ingressos para o jogo.

“Ou seja, um terço tinha ingresso. O que nos leva a crer, uma hipótese que será checada, que talvez recebessem cortesias para entrar no estádio mais à frente”, disse. (Foto: Marina Torres).

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