Receita Federal concede desconto de até 70% para empresas negociarem dívidas tributárias

A Receita Federal está oferecendo 70% de desconto na negociação de dívidas tributárias para empresas. Foi publicada a Portaria RFB nº 555/2025, que regulamenta a transação tributária no âmbito do contencioso administrativo fiscal. A nova norma permite que contribuintes negociem débitos com condições facilitadas, o que pode representar um alívio significativo no fluxo de caixa das empresas.

Entre as medidas previstas, estão descontos de até 70% sobre multas e juros, além da possibilidade de parcelamento em até 120 meses para a maioria dos contribuintes. Já microempreendedores individuais (MEI), microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) poderão pagar os valores em até 145 parcelas.

“Essa portaria amplia as ferramentas de negociação entre contribuinte e fisco, trazendo mais flexibilidade para empresas que precisam se reorganizar financeiramente sem esperar que o débito avance para a fase judicial”, explica Thiago Santana Lira, sócio da Barroso Advogados Associados.

Entre os principais atrativos está a possibilidade de usar créditos de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa da CSLL — comuns no histórico de muitas empresas — e também precatórios federais líquidos (já reconhecidos judicialmente) para reduzir o montante devido.

Outro destaque é a transação individual simplificada para débitos entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões ainda em discussão administrativa. Nessas situações, a empresa pode apresentar uma proposta própria e negociar diretamente com a Receita Federal condições que melhor se ajustem ao seu fluxo de caixa. “Antes, a empresa tinha que aderir apenas às condições gerais fixadas pela Receita. Agora, para débitos de valor intermediário, existe abertura para negociar um plano de pagamento específico, o que aumenta a chance de chegar a uma solução realmente viável”, completa Thiago Lira.

A adesão deve ser feita pelo contribuinte no Portal e-CAC, de acordo com os editais que a Receita Federal irá divulgar detalhando prazos e modalidades.

Apesar das vantagens, especialistas reforçam que aderir ao programa de parcelamento requer cautela. Richard Domingos, diretor executivo da Confirp Contabilidade, alerta para a importância de um estudo detalhado antes de fechar o acordo.

“Por mais que as condições sejam atraentes, é fundamental que a empresa faça um planejamento cuidadoso para garantir que as parcelas ou o pagamento único caibam no seu orçamento, evitando comprometer a saúde financeira no futuro. É necessário olhar para toda a vida financeira e identificar quais débitos devem realmente entrar no programa. Muitas vezes, as pendências não são intencionais, mas decorrem de descuidos, como o não pagamento de uma guia. No entanto, a falta de ação pode trazer consequências graves.”

Thiago também recomenda que as empresas procurem suas assessorias contábil e jurídica para mapear os débitos, analisar requisitos e escolher a modalidade mais adequada. “Cada caso é único, e entender bem os detalhes faz toda a diferença para transformar a oportunidade em um alívio real para o negócio.”

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