A nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos às mangas brasileiras, válida a partir de 6 de agosto, está provocando uma crise entre produtores do Vale do São Francisco, principal região exportadora da fruta no país.
A medida anunciada pelo presidente Donald Trump inviabilizou as exportações ao mercado americano, que costuma importar a fruta brasileira entre agosto e outubro. A baiana Hidherica Torres, produtora de Casa Nova, relatou que as frutas que seriam enviadas aos EUA podem acabar apodrecendo no chão: “Estou com medo da manga virar lama”, desabafou.
O redirecionamento da produção para mercados como Europa e Canadá já está provocando superoferta e queda brusca nos preços. O quilo da manga tommy, por exemplo, caiu de R$ 6 para menos de R$ 0,80, segundo produtores. Alguns relatam que estão doando a produção para evitar perdas maiores.
De acordo com o Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina (SPR), 92% das mangas produzidas na região são destinadas à exportação. Em 2024, o Brasil exportou 258 mil toneladas, movimentando quase R$ 2 bilhões. Para 2025, a expectativa era enviar 36,8 mil toneladas aos EUA, com faturamento estimado em R$ 255 milhões — projeção agora ameaçada.
Produtores denunciam a falta de apoio do governo federal e temem o colapso de uma cadeia que sustenta milhares de empregos diretos e indiretos no sertão. “O momento é para o Brasil abraçar a manga como fruta nacional”, sugere o produtor Eduardo Nakahara. (Foto: Hidherica Torres/Acervo Pessoal).