Opinião do leitor: “O São João do Nordeste pede socorro”, diz cantor Alcymar Monteiro depois de passar por constrangimento em Petrolina

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    O cantor Alcymar Monteiro fez um desabafo nas redes sociais sobre a tradição do forró de raiz, que segundo ele está perdendo o seu valor no nordeste, dando espaço aos interesses econômicos criado pelos poderes públicos, principalmente pela administração municipal de diversas cidades do nordeste.

    Alcymar torna público também o constrangimento que passou ao tocar no ultimo dia de festa do São João de Vale, no tradicional Forró da Espora, ele que teve o seu ônibus, que serviu de espaço para um camarim, já que na festa, todas as estruturas estavam ocupadas.

    Não só ele, mas a imprensa da região não tinha lugar para trabalhar e fazer as suas matérias em tempo real, porque as produções dos artistas se acham no direito de mandar em terra alheia e ainda barraram profissionais de tirar fotos para que pelo menos os textos pudessem ficar prontos com antecedência. A própria Ascom da prefeitura foi barrada, não havia sintonia entre a organização do evento com a produção dos artistas. Por que não podemos dizer sobre a falta de respeito com os jornalistas e artistas da terra, onde alguns não tiveram as mesmas regalias que Henrique e Juliano, Bruno e Marrone e Zezé di Camargo e Luciano. Confira o desabafo de Alcymar Monteiro:

    Estou viajando o nordeste inteiro e tenho observado que as festas juninas estão virando um festival de pornofonia, estão mutilando nossa cultura.

    A festa criada por Luiz Gonzaga tinha como tema a sanfona, a zabumba, o triângulo, as quadrilhas juninas, além da culinária peculiar deste período do ano, canjica, pé de moleque, milho e batata assada na fogueira. Tudo isso acontecia sob o luar do sertão.

    O que vi por onde passei foi a perfeita orquestração de interesses econômicos estereotipados voltados mais para a quantidade em detrimento da qualidade.

    Cabe aos governos através das secretarias de cultura e das assembleias legislativas criarem uma lei que impeça tamanho abuso, reservando 70% do mercado junino para os artistas que lutam a “duras penas” para manter a tradição do forró, impedindo o mercenarismo e a mercantilização das nossas tradições. Cito como exemplo o estado da Bahia que criou a chamada “lei da zabumba”, aprovada por unanimidade pela assembleia legislativa baiana.

    O povo já não suporta mais a descaracterização daquilo que é seu e está pedindo que as autoridades façam alguma coisa que preserve em forma de lei aquilo que é nossa identidade cultural. O forró gonzagueano que está a beira da falência e do esquecimento das novas e futuras gerações.

    Os veículos de comunicação estão denunciando essa mutilação ideológica e expondo explicitamente a necessidade de fazermos uma correção no sentido de preservar etnologicamente aquilo que nos representa e que nos faz existir como povo “Nordestino”.

    Diante da responsabilidade que tenho não posso simplesmente me calar e fingir que não estou vendo ou ouvindo o que está acontecendo. Como militante venho através deste manifesto expressar minha insatisfação com todo esse desmando.

    Forró só existe “UM” o gonzagueano, o jacksoneano, como artista eu bebo nessa fonte que é a matriz de tudo, o restante é invencionice, é factoide de quem não tem responsabilidade com nossa cultura.

    Por: Alcymar Monteiro – O Rei do Forró. 

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