Mulheres do Projeto Popular do Vale do São Francisco envia nota de repúdio ao hino do Atlética Carranca do curso de medicina da Univasf

    1

    nucleo

    O grupo Mulheres do Projeto Popular do Vale do São Francisco (Núcleo MMM-Sertão), divulgou nota de repúdio ao conteúdo do hino da Atlética Carranca, do curso de Medicina da UNIVASF, cantado durante os Jogos Universitários promovidos pelo DCE. Segundo o movimento, o fato gerou revolta nas redes sociais, onde na letra da música, foram citadas frases e versos de apologia ao machismo e à violência contra as mulheres revelando ainda incitação ao sexo com meninas que estudam na Univasf. Confira a nota assinada por diversos movimentos sociais da região:

    NOTA DE REPÚDIO AO HINO DA ATLÉTICA CARRANCA- UNIVASF

    listaNós, mulheres do Projeto Popular do Vale do São Francisco, repudiamos veementemente o conteúdo do hino da Atlética Carranca, do curso de Medicina da UNIVASF, cantado durante os Jogos Universitários promovidos pelo DCE. Trata-se de um texto (Foto ao lado) que concentra, de maneira naturalizada, toda a misoginia, machismo, objetificação e violência contra as mulheres. Diante desta postura de estudantes universitários, promotora da falta de respeito e violência de modo tão escancarado e abusivo, entendemos que é preciso problematizar a questão e tomar as devidas providências quanto ao fato.

    Em diversas Universidades do Brasil, existem organizações estudantis, intituladas Atléticas, criadas com o objetivo de organizar eventos esportivos, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Nos últimos anos, vem ocorrendo inúmeras denúncias envolvendo essas organizações, acusadas de incitar e praticar violência; tais atos vão desde hinos de cunho racista, machista e homofóbico a trotes violentos e estupros coletivos. Estas agressões ainda são vistas erroneamente como “normais” por carregarem o peso de uma tradição- “foi sempre assim e assim será”. Mas não, não será.

    Desde o ano passado, inúmeras denúncias de violência na Universidade de São Paulo vieram à tona, principalmente na Faculdade de Medicina, o que levou à realização de audiências públicas sobre o tema pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado de SP – ALESP e posterior instauração de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar os casos, não só da USP, mas de todas as universidades paulistas, públicas ou privadas.

    Há pouco menos de 20 dias, nossa Universidade passou por um momento chocante ao presenciar um femicídio nas suas dependências. Um ato brutal, que nos mostrou cruamente como o machismo mata, sem local ou horário marcado, sem maquiagens na realidade. Rosilene teria sido assassinada em qualquer outro local, trinta e seis facadas a sangue frio. E vinte dias depois, foi esta a resposta que as mulheres da Universidade receberam durante os jogos: xingamentos, ofensas e incitação ao estupro. Não, isto não é risível, a violência contra a mulher não pode continuar sendo naturalizada.

    A Universidade Federal do Vale do São Francisco não deve andar na contramão. Não toleraremos a Atlética Carranca saindo ilesa deste episódio. É preciso que se inicie um processo investigativo para encontrar os culpados e puni-los. É inaceitável que se siga o exemplo da USP e outras universidades que silenciaram por anos, enquanto as denúncias se restringiam aos hinos, permitindo que a violência impune chegasse ao nível de estupros coletivos.
    Nós, mulheres organizadas, não aceitaremos mais a violência. Seguiremos mobilizadas até que a universidade investigue este caso, puna os responsáveis de acordo com suas competências administrativas e acadêmicas e encaminhe o caso para as autoridades jurídicas.

    Assinam esta carta:

    Coletivo Rosilene do Rio
    Marcha Mundial das Mulheres
    Associação das Mulheres Rendeiras
    Levante Popular da Juventude
    Consulta Popular
    Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB
    Centro Acadêmico de Comunicação Social, gestão Recomeçar/ UNEB
    Diretório Central dos Estudantes, gestão Ciranda/ DCE UNIVASF
    Centro Acadêmico de Ciências Sociais, gestão Chá de Flor/ UNIVASF
    Diretório Acadêmico de Psicologia, gestão Mandala/ UNIVASF
    Diretório Acadêmico de Artes Visuais, gestão É tudo nosso/ UNIVASF
    Diretório Central Estudantil/ DCE FACAPE
    Diretório Acadêmico Ciência da Computação/ FACAPE
    Diretório Acadêmico Antônio Conselheiro/ UPE Petrolina
    Centro Acadêmico de Matemática/ UPE Petrolina
    Centro Acadêmico de Licenciatura em Língua Inglesa/ UPE Petrolina
    Centro Acadêmico de Licenciatura em Letras- Lingua Portuguesa/ UPE Petrolina
    Centro Acadêmico de Enfermagem/ UPE Petrolina
    Centro Acadêmico de Fisioterapia/ UPE Petrolina
    Residência de Medicina de Família e Comunidade/ UNIVASF
    Grupo de Estudos e Pesquisas em Saúde Sexual e Gênero/ UNIVASF
    Diretoria Executiva do Sinasefe IF- Sertão
    Seção Sindical dos Docentes da UNIVASF

    O reitor da Univasf Julianeli Totentino disse em nota que as providências necessárias já estão sendo tomadas para que os responsáveis, segundo ele por essa barbaridade sejam identificados e punidos exemplarmente”, declarou o reitor. O caso deverá ser analisado pelo Conselho Universitário da instituição e poderá culminar até em expulsão dos autores da polêmica, afirma o reitor.

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Por favor digite seu comentário!
    Por favor, digite seu nome aqui