‘Kids pretos’ confirmam ao STF planos para matar autoridades e prender ministros

Integrantes das Forças Especiais do Exército, os kids pretos, confirmaram em interrogatórios no Supremo Tribunal Federal (STF) a existência de um plano que previa o assassinato de autoridades, de outro que tinha o intuito de prender ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a participação na divulgação de uma carta que tinha como objetivo pressionar a cúpula do Exército a aderir à tentativa de golpe.

A leva de depoimentos começou na última quinta-feira, quando o general da reserva Mário Fernandes admitiu ser o autor do documento que ficou conhecido como “Plano Punhal Verde e Amarelo”. O texto, segundo a Polícia Federal, traçava cenários para o assassinato, em 2022, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal da trama golpista.

Durante a audiência, o militar, que foi número dois da Secretaria-Geral da Presidência na gestão Bolsonaro, confirmou a autoria do material encontrado em seus dispositivos eletrônicos, mas minimizou o conteúdo e disse que se tratava de uma análise individual, feita por hábito pessoal.

— Esse arquivo digital, que retrata um pensamento meu que foi digitalizado, é um estudo de situação. Uma análise de riscos que fiz e, por costume próprio, resolvi digitalizar. Esse pensamento digitalizado não foi compartilhado com ninguém — afirmou o general.

Ao longo do depoimento, Fernandes tentou afastar a ideia de que o plano tivesse objetivo prático. Disse que o material foi impresso apenas para leitura pessoal e que logo em seguida o rasgou.

— Imprimi por um costume pessoal de evitar ler documentos na tela. Imprimi para mim. Logo depois, rasguei — disse.

Apesar da tentativa de despolitizar o documento, o conteúdo apreendido pela PF descreve estratégias para ataques a autoridades públicas e embasa parte da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República no processo principal da tentativa de golpe. Fernandes é apontado como um dos responsáveis pelo núcleo que atuaria em ações operacionais caso o plano fosse deflagrado.

No interrogatório, o general classificou o plano como “um compilamento de dados” e afirmou que se arrepende de ter digitalizado o texto. “Não passa de um pensamento digitalizado”, disse. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil).

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