O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), do Paraná, condenou oito pessoas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC), que teria planejado a morte do senador e ex-juiz federal Sergio Moro (União Brasil-PR).
A juíza Sandra Regina Soares, da 9ª Vara Federal em Curitiba, absolveu outros três réus. Os outros dois criminosos acusados foram assassinados em junho passado, na Penitenciária Maurício Henrique Guimarães Pereira, a P2, em Presidente Venceslau (SP).
De acordo com a investigação, o PCC pretendia atacar Moro como um gesto de vingança uma vez que o agora senador assinou, quando era ministro da Justiça do ex-presidente Jair Bolsonaro (PF), uma portaria que restringiu as visitas a presos em presídios federais.
Em suas redes sociais, o senador comentou a decisão punitiva e agradeceu a atuação do Ministério Público, das polícias e da Justiça Federal. “Falta descobrir o mandante do crime e a investigação da PF precisa continuar com este objetivo.
Solicitarei providências nesse sentido ao Ministro da Justiça. Não nos curvaremos a criminosos. Continuarei, no Senado, defendendo lei, ordem e penas severas contra o crime organizado”, escreveu.
Entre os condenados estão Claudinei Gomes Carias, Franklin da Silva Correa, Herick da Silva Soares, Aline Arndt Ferri, Cintia Aparecida Pinheiro, Aline de Lima Paixão, Oscalina Lima Graciote e Hemilly Adriane Mathias Abrantes.
Conhecido pelo codinome “Carro”, Claudinei é acusado de ter alugado uma casa em Curitiba (PR) que seria usada no plano contra Sergio Moro e era responsável “pelas vigilâncias e levantamentos” sobre o senador, segundo a polícia. Os investigadores tiveram acesso a um vídeo gravado por Claudinei no dia 3 de fevereiro deste ano. A filmagem mostra a fachada do prédio onde Moro tem apartamento, na capital paranaense.
Claudinei também era o responsável por prestar contas dos gastos com a operação para o comando da facção criminosa. De acordo com a polícia, há indícios de que ele teria desviado valores “para proveito próprio”.
Esposa de Janeferson Aparecido Mariano Gomes, que foi assassinado na cadeia, Aline de Lima Paixão chegou a ser solta no dia seguinte da operação. A decisão da juíza Gabriela Hardt levou em consideração o fato de Aline ter três filhos pequenos.
Já Herick da Silva Soares, conhecido como Sonata, e é apontado nas investigações como “principal operacional de confiança” de Claudinei, o responsável pela contabilidade do grupo. Em uma das mensagens obtidas pelos policiais, Herick se reporta a Janeferson a respeito da compra de um imóvel.
Seu irmão, Franklin da Silva Correa, também foi condenado. Ele é ligado à parte financeira da “restrita 05” e fazia o levantamento de possíveis vítimas da organização criminosa, de acordo com as investigações. É considerado um “funcionário” do grupo.
A operação
Deflagrada em 2023, a Operação Sequaz prendeu suspeitos de planejarem ataques contra diversas autoridades, entra elas Moro e o promotor de Justiça de São Paulo, Lincoln Gakiya.
A operação foi chancelada pela juíza Gabriela Hardt, que assinou os mandados de prisão e de busca e apreensão cumpridos pela PF. A magistrada substituiu o próprio Moro na Operação Lava-Jato quando o ex-juiz pediu exoneração do cargo, no fim de 2018, para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública no governo de Jair Bolsonaro. (Foto: Roque de Sá/Agência Senado).