Instituto Chico Mendes afirma que outras 20 ararinhas-azuis testaram positivo para vírus letal; criadouro de Curaçá (BA) contesta

O Instituto Chico Mendes (ICMBio) informou que, além das 11 ararinhas-azuis que foram diagnosticadas com circovírus, outras 20 aves da mesma espécie estão infectadas com o vírus. As aves estão em um criadouro localizado em Curaçá (BA).

Conforme o ICMBio, o Criadouro Ararinha-azul mantém 103 ararinhas-azuis e, das 11 que viviam soltas, outras 20 aves de cativeiro da mesma espécie também estão infectadas.

Já o Criadouro Ararinha Azul afirma que apenas 5 aves estão com detecção do circovírus em ao menos um exame e que as demais 98 aves estão com exames negativos para o vírus.

O patógeno é causador da Doença do Bico e das Penas dos Psitacídeos (PBFD). Segundo o ICMBio, o circovírus não tem cura e mata a ave na maior parte dos casos.

Os sintomas incluem a alteração na coloração das penas, falhas no empenamento edeformidades no bico. No entanto, este vírus não infecta humanos nem aves de produção.

Para a médica veterinária Ianei Carneiro, como o circovírus é muito contagioso, existe a possibilidade de, não só acabar com a população de ararinhas-azuis, como também colocar em risco outras espécies da região.

O que diz a empresa

“O Criadouro Ararinha-azul, localizado em Curaçá (BA), rejeita com “veemência” as acusações de negligência, desleixo e condições insalubres nas instalações, onde mantém 103 ararinhas-azuis, sendo 98 negativas para o circovírus. A instituição afirma seguir protocolos rígidos de biossegurança e bem-estar animal e conta com instalações e equipamentos adequados ao manejo das aves.

A instituição privada, sem fins lucrativos, não utiliza recursos públicos e é mantida principalmente com capital estrangeiro. A equipe de trabalho é formada por profissionais brasileiros e estrangeiros de alto nível, como médicos-veterinários, tratadores aviculturistas e consultores especialistas em manejo e reprodução de ararinhas-azuis, que trabalham há mais de 15 anos para a conservação dessa espécie, 24 horas por dia, 7 dias por semana, durante todo o ano, em um espaço de mais de 2,6 mil metros quadrados.

A direção do criadouro explica que as aves recebem alimentação balanceada, vivenciam um conjunto de práticas que melhoram o bem-estar físico e psicológico dos animais em cativeiro, têm assistência veterinária permanente e o manejo é feito em ambiente limpo e seguro. O sucesso reprodutivo da espécie, com o nascimento de filhotes em cativeiro, é apontado como um dos indicadores da qualidade da empresa no cuidado oferecido às ararinhas.

A instituição contesta ainda a informação de que “as últimas ararinhas-azuis na natureza” estariam sob risco iminente em razão do circovírus. Até 2019, não havia nenhuma ararinha na Caatinga. Com a construção do criadouro, 101 aves foram trazidas para o bioma. Hoje, segundo o criadouro, há 103 ararinhas-azuis sob seus cuidados, sendo 98 com exames negativos para o vírus e 5 com detecção de circovírus em ao menos um exame.

Quanto às 11 aves de vida livre capturadas, os exames mais recentes identificaram vírus detectado em 5 aves no total (3 do plantel e 2 das recapturadas), com divergência entre metodologias laboratoriais. Testes realizados com técnicas convencionais, inclusive pelo laboratório do governo, apontam para 3 aves positivas, em contradição a outro teste que detecta o vírus para as 11 araras. Essas aves estão isoladas, e estão sem contato com outras araras, com separação de utensílios e profissionais. O criadouro mantém ainda duas maracanãs, ambas com exames negativos.

Em vez de atuar em cooperação para enfrentar um problema sanitário que existe no Brasil há mais de 30 anos, o Estado prefere transferir a culpa e buscar punições contra uma entidade privada que investe recursos próprios na conservação de uma espécie ameaçada. Até o momento, o criadouro não teve acesso ao laudo técnico completo que fundamenta a multa de R$1,8 milhão aplicada pelo ICMBio. Diante desse cenário de acusações consideradas infundadas e sem a apresentação dos laudos, a direção do criadouro informa que pediu acesso ao processo e uma reunião técnica com laboratórios e autoridades para reavaliar os exames. A empresa reafirma que responsabilizar o estabelecimento sem análise técnica aprofundada, ignora a complexidade do caso e desestimula iniciativas que contribuam para a proteção da ararinha-azul.

A instituição lembra ainda que a primeira ave detectada com circovírus estava solta na natureza, destaca que o vírus, no Brasil, foi registrado há cerca de 30 anos em feiras, centros de reabilitação de fauna e em comércio de animais.” (Foto: Acervo ICMBio).

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