A Polícia Civil detalhou, nesta sexta (1º), como atuava uma organização criminosa responsável pelo chamado “golpe do amor”.
Na quinta (31), a Operação Love Scam prendeu três pessoas suspeitas de usar a internet para enganar mulheres para extorquir dinheiro, prometendo “relacionamentos amorosos”.
Em entrevista concedida na sede da corporação, no Centro do Recife, a polícia informou que o líder da organização criminosa se passava por coronel do Exército.
Identificado como Carlos Augusto Serpa da Mota, de 46 anos, esse falso oficial segue foragido e está longe do Brasil.
Investigação
Os resultados da operação, iniciada em 2024, foram divulgados pela delegada Silvana Carla, titular da 13ª Circunscrição Policial da Mustardinha.
Segundo a delegada, o grupo atuava de forma estruturada e articulada, utilizando plataformas de relacionamento online para atrair vítimas do sexo feminino, preferencialmente com boa condição financeira.
O líder da quadrilha usava identidade falsa, exibia armamento e simulava um relacionamento com as vítimas.
De acordo com Silvana, o suspeito mantinha essa relação por meses, com encontros presenciais e conexões online.
“Após conquistar a confiança das mulheres, ele alegava estar em missões militares, em locais remotos, e dizia enfrentar dificuldades com cartões bloqueados ou falta de acesso à internet.”, destacou a delegada.
Com esses pretextos, pedia transferências bancárias que eram direcionadas a contas de outros integrantes da quadrilha, com o objetivo de dificultar o rastreamento dos valores.
“Em alguns casos, após o golpe financeiro, o suspeito voltava a contatar as vítimas com ameaças de divulgação de imagens e vídeos íntimos, que ele teria gravado sem o consentimento da vítima, caracterizando extorsão.”, completou Silvana.
Balanço
Até esta sexta, a polícia havia identificado dezenas de vítimas, algumas das quais relataram prejuízos de até R$ 500 mil.
Ainda segundo a delegada, há registros de casos em outros estados, como Tocantins, Paraíba e São Paulo, e a confirmação de que uma das vítimas tenha levado a empresa onde trabalhava à falência por causa do golpe.
A operação
Durante a 41ª Operação de Repressão Qualificada, foram cumpridos quatro mandados de prisão, um mandado de busca e apreensão domiciliar e ordens judiciais de bloqueio de ativos financeiros, nos municípios do Recife, São Lourenço da Mata e Jaboatão dos Guararapes.
Os crimes investigados incluem associação criminosa, lavagem de dinheiro, furto mediante fraude e extorsão, com penas que, somadas, podem ultrapassar 33 anos de reclusão para cada acusado.
Três homens foram presos, dois na capital pernambucana e um em São Lourenço da Mata, no local para onde as vítimas eram levadas para o suposto encontro. Com os envolvidos, a polícia teve acesso a celulares e chips utilizados pelo líder da quadrilha.
Um quarto mandado de prisão, expedido contra o líder da organização, não foi cumprido. A Polícia Civil apurou que ele está fora do país e solicitou à 10ª Vara Criminal de Recife a inclusão de seu nome na lista de procurados da Interpol.
O suspeito já possui antecedentes criminais, incluindo prisão por violência doméstica contra uma ex-companheira e por uso de falsa identidade.
A delegada reforçou que outras pessoas podem estar envolvidas no esquema, inclusive presidiários que, segundo indícios, recebiam valores ou forneciam dados para o golpe. A Polícia Civil trabalha na identificação de novas vítimas e autores. (Foto: PC).