Formigas da Caatinga: Laboratório de Mirmecologia do Sertão do Cemafauna revela novas espécies no semiárido

O Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna/Univasf), sediado no Campus de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) em Petrolina (PE), abriga o Laboratório de Mirmecologia do Sertão, coordenado pelo professor Benoit Jean Bernard Jahyny. A unidade se dedica ao estudo da Mirmecologia, ciência que investiga a biologia, a ecologia e a diversidade das formigas. No semiárido nordestino, onde esses insetos desempenham papéis ecológicos fundamentais, como aeração do solo, dispersão de sementes e regulação de populações de outros organismos, os estudos do laboratório vêm trazendo resultados inéditos para a ciência.

Ao lado dos biólogos pesquisadores como também estagiários Gabriel Celante, Mário Gurgel, Adhan Gabriel Carvalho de Siqueira, Carleani Lima Caxias, Joyce Davilla Rodrigues de Moura, Maria Eduarda Araujo De Jesus, Samuel Morais Leite também, o professor Benoit coordena expedições científicas que têm como destino as paleodunas de Casa Nova e Pilão Arcado (BA) e também áreas ribeirinhas do Rio São Francisco, em Petrolina (PE). Nessas incursões, os cientistas já registraram mais de 100 espécies de insetos, entre formigas e besouros, muitas delas endêmicas da Caatinga e algumas novas para a ciência.

Entre as descobertas mais recentes estão as novas espécies de besouros coletados nas paleodunas de Casa Nova, como o escaravelho Athyreus arretado e a joaninha Coeliaria almeidae. No grupo dos himenópteros que inclui abelhas, vespas e formigas, destacam-se a nova espécie de formiga Eurhopalothrix oxente, registrada em fragmentos de mata ciliar às margens do Rio São Francisco; as novas espécies de vespas parasitoides: Gonatopus cambitos, encontrada no Serrote do Urubu, em Petrolina; e Olixon caju, descoberta no litoral sergipano, mas estudada e descrita no próprio laboratório, em parceria com pesquisadores da Embrapa Tabuleiros Costeiros e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.

O semiárido nordestino, especialmente nos sertões baiano e pernambucano, ainda é uma das regiões menos estudadas em termos de biodiversidade. As formigas, no entanto, estão em praticamente todos os ambientes, sendo consideradas bioindicadoras de qualidade ambiental. O estudo desses insetos permite compreender melhor a saúde dos ecossistemas, os impactos da degradação e as estratégias de restauração. As descobertas feitas pelo Laboratório de Mirmecologia do Sertão não ficam restritas ao inventário de espécies. Elas resultam em artigos científicos de circulação internacional, fortalecendo o papel do Cemafauna e da Univasf como centros de referência em pesquisa e conservação da Caatinga.

Para o professor Benoit Jean Bernard Jahyny, cada expedição é uma oportunidade de revelar a riqueza ainda pouco conhecida da Caatinga: “Essas pesquisas nos mostram que o semiárido guarda uma biodiversidade surpreendente. Descobrimos não apenas novas espécies, mas também ampliamos o conhecimento sobre insetos já descritos. Cada registro é um passo importante para entender o papel desses organismos no equilíbrio do ecossistema e reforçar a relevância da conservação. O trabalho em parceria com nossos pesquisadores e estudantes têm resultado em publicações que projetam o nome do Cemafauna e da Univasf no cenário científico internacional”, destacou.

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