“Eu nunca fui pra escola. Agora estou aprendendo a ler e escrever. Quero aprender meu nome direitinho, quero aprender mais, porque nunca é tarde pra começar”. A fala simples e cheia de esperança é de Seu Justiniano dos Santos Silva, de 64 anos, acolhido no Abrigo Municipal de Petrolina. Natural da Bahia e nascido em uma comunidade quilombola, ele carrega a história de quem sempre trabalhou desde muito jovem e nunca teve a oportunidade de sentar em uma sala de aula. Hoje, encontra na alfabetização uma nova chance de vida. As noites do abrigo, que antes eram apenas de descanso, agora se tornaram momentos de sonho e conhecimento, com papel, lápis e muita vontade de aprender.
A ação faz parte do programa Petrolina Acolhe e do projeto Bora Alfabetizar, iniciativas da Prefeitura de Petrolina, por meio das Secretarias de Assistência Social e Combate à Fome e de Educação, Cultura e Esporte. O objetivo é garantir acesso à alfabetização para pessoas em situação de rua, proporcionando dignidade, autonomia e oportunidade de recomeço para quem não teve acesso à escola na infância ou precisou interromper os estudos. Desde 2024, o Abrigo Municipal se transforma, de segunda a sexta-feira, em uma sala de aula onde a educação chega como ferramenta concreta de transformação social.
As aulas são conduzidas pela professora Tássia Lenna de Souza, que acompanha de perto a evolução dos alunos, respeitando as particularidades de cada um e garantindo uma abordagem pedagógica inclusiva e acolhedora. “A proposta dessa ação vai além da mera transmissão de conhecimento. Trata-se de oferecer novas perspectivas e oportunidades para pessoas em situação de vulnerabilidade. A alfabetização, nesse contexto, se torna um veículo para a emancipação e a reintegração social, permitindo que os alunos possam reconquistar sua autonomia e dignidade”, destaca Tássia.
A escola dentro do abrigo representa uma ação sensível e transformadora, que respeita as trajetórias de cada pessoa acolhida e promove inclusão social de forma efetiva. A iniciativa já vem mudando histórias e devolvendo esperança a quem reencontra, por meio das palavras, a oportunidade de reescrever a própria vida.