Deputado evangélico propõe transformar “baitola” e “pinguelo” em patrimônio

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    Um curioso projeto de lei, do deputado estadual do Amazonas Wanderley Dallas (PMDB), da bancada evangélica, deixou vários parlamentares “aperreados” e chamou a atenção na internet. A proposta defende que inusitadas expressões da linguagem regional, como “piroca”, “cabaço”, “baitola”, “pinguelo” e “xibiu”, sejam transformadas em Patrimônio Cultural de natureza imaterial. O PL deve ser reapresentado na Câmara estadual na semana que vem, sem as 30 palavras consideradas “chulas”, depois da repercussão na rede.

    Em um Comunicado de Liderança, publicado nessa quarta-feira (22/4), Dallas explicou o teor do projeto n° 341/2012, alegando que a proposta teve como inspiração o livro “Amazonês – termos usados no Amazonas”, de autoria do doutor em linguística pela Universidade de Campinas (Unicamp), Sérgio Freire. “Sabemos que a linguística amazonense traz uma mistura do soldado da borracha, do índio, dos imigrantes e temos aqui vários termos usados e esse projeto foi fruto de um estudo de acadêmicos da Ufam [Universidade Federal do Amazonas] e do professor Sérgio Freire que vem enriquecer a cultura amazonense”, escreveu.

    Em um pronunciamento, nesta quinta-feira (23/4), na tribuna da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), no qual usou o tempo para criticar a falta de segurança pública no Amazonas, Dallas voltou a comentar o assunto, ressaltando que “o projeto valoriza o regionalismo e preserva as raízes, reconhece como patrimônio cultural de natureza imaterial para o estado do Amazonas a linguagem regional caracterizada por palavras que só se ouvem em nossa região”.

    Segundo a assessoria do deputado, o texto está na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) desde que foi apresentado, em 2012. Depois das críticas, assim que o texto do projeto viralizou na internet, ele pretende fazer uma emenda, com a autorização do professor Sérgio Freira, para retirar cerca de 30 palavras e expressões hoje presentes na obra literal. A previsão é de que o texto seja reapresentado aos parlamentares na semana que vem.

    Em quatro legislaturas, o parlamentar já apresentou aproximadamente 300 projetos. Do total, segundo a assessoria do deputado, 86 já são leis no estado. Atualmente, ele tem 25 textos em tramitação.

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    Além dos palavrões, o projeto de lei também traz termos cômicos, bastante utilizados, como “tirar o couro” (quando se cobra muito caro por um produto); “amarelo empombado” (indivíduo fraco); bagaceira (noitada); bodozal (bairro pobre, periferia); couro de pica (quando a situação não se resolve); dança de rato e sapateado de catita (enrolar, postergar algo); entre outras.

    Confira algumas expressões presentes no projeto de lei

    ABIROBADO: abestalhado, imbecil, idiota
    ACESUME: enxerimento, atiramento
    AMARELO EMPOMBADO: indivíduo fraco, de aparência frágil
    APERREADO: apressado, muito nervoso, sem saber o que fazer diante de uma situação difícil
    BAGACEIRA: noitada
    BAIACU: pessoa gorda
    BAITOLA: homossexual
    BAIXA-DA-ÉGUA: lugar para onde se mandam pessoas que estão nos chateando. Lugar distante
    BRONHA: masturbação masculina
    BUFA: pum sem ruído
    CABAÇO: o hímen
    CABAÇUDA: mulher virgem
    EMPACHADO: cheio, estufado
    FILHO DE UMA ÉGUA: xingamento dirigido a alguém que nos irritou
    FOFOBIRA: coceira na vagina
    FURUNFAR: praticar o ato sexual
    KETCHBACK: um lance amoroso, rolo
    PINGUELO: clitóris
    PIROCA: pênis
    PIROCAR: perder ou cortar o cabelo
    SALIENTE: pessoa enxerida, intrometida
    TOBA: o ânus
    XIBIU: vagina

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