Com 11 votos a 9, o relatório do deputado Marcos Rogério (DEM-RO), que pede a cassação de Eduardo Cunha, foi aprovado no Conselho de Ética na Câmara dos Deputados, na tarde desta terça-feira (14/6). Decisiva no resultado da votação, a deputada Tia Eron (PRB-BA) votou farováravel a perda do mandato de Cunha.
A sessão, que começou no início desta tarde, analisa se Cunha mentiu ou não a respeito das contas no exterior na CPI da Petrobras. Ao todo, votam 20 deputados da Comissão de Ética. Se houve o empate, o presidente da Casa também participa da votação.
Mais cedo, a deputada fez um discurso inflamado em que cumprimentou os presentes e se disse surpresa por não ter sido procurada ou sequer citada pelos colegas. Tia Eron respondeu sobre as acusações de que teria se acovardado diante da comissão e “sumido” para não dar o voto decisivo sobre o parecer. “Não fui abduzida”, exclamou.
O Banco Central (BC) multou o presidente afastado da Câmara em R$ 1 milhão por manter contas não declaradas no exterior em 2007 e 2014. A esposa de Cunha, Claudia Cruz, também recebeu uma penalidade de R$ 132.486,55 no processo administrativo que tramita na autoridade monetária contra o casal.
A defesa de Cunha afirma que recorrerá da decisão do Banco Central. De acordo com Marcelo Nobre, declarar o trust como gostaria o Banco Central é crime. Nobre tem certeza de que a decisão será reformada e, para ele, o documento corrobora a defesa no Conselho de Ética já que “em nenhum momento se fala da existência de conta em nome do cliente no exterior”. Eduardo Cunha responde a processo no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar ao supostamente ter mentido na CPI da Petrobras quando disse que não tinha contas no exterior.
Mandetta
Milésimos de segundos podem influenciar o destino do presidente afastado. Escalado pelo DEM para substituir Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que teve que fazer uma viagem ao exterior, o deputado Mandetta (DEM-MS) foi o primeiro suplente a registrar presença no painel com uma diferença de 11 milésimos de segundo de Marcelo Aro (PHS-MG), que seria um voto garantido pró-Cunha. Pelas regras da Câmara, caso um titular da comissão não esteja presente, o voto computado é o do primeiro suplente a marcar presença.
Na semana passada, a ausência da Tia Eron (PRB-BA) garantiria a vitória de Cunha, já que o suplente que votaria seria o Carlos Marun (PMDB-MS). Hoje, Marun marcou presença 2 segundos depois de Mandetta. A expectativa é que o relatório que pede a cassação de Eduardo Cunha por quebra de decoro parlamentar seja votado na tarde desta terça-feira. (CB)