A advogada Graciele Queiroz, que está atuando na defesa do empresário Rodrigo Carvalheira preso nesta quinta-feira (11) por crimes contra mulheres, participou de entrevista coletiva no Recife. Segundo a especialista, as motivações para a prisão do cliente dela são uma suposta tentativa de obstrução da investigação e disputas políticas.
O inquérito contra Rodrigo foi aberto em novembro do ano passado no Recife. Nesse período, o advogado teve conversas com uma delegada que não faz parte do caso. De acordo com Graciele, esse seria o motivo da prisão nesta quinta (11).
“A prisão só foi solicitada depois da interceptação de uma conversa do Rodrigo com outra pessoa. São duas delegadas brigando com outra delegada. A fundamentação do pedido de prisão é todo em cima da delegada que ele estava conversando. Uma conversa que ela pergunta: ‘Já foi retirado o inquérito?’ e ele responde ‘Ainda não, mas deixa para lá, que eu sou inocente'”, resumiu a advogada.
Graciele Queiroz afirmou não fazer sentido seu cliente tentar atrapalhar as investigações depois de um certo tempo. “É esse o teor da conversa. Se ele quisesse embaraçar [a investigação], tinha que embaraçar na primeira semana, não depois de seis meses”.
Rodrigo Carvalheira foi denunciado por três mulheres por crimes de violência sexual em 2006, 2009 e 2019, respectivamente.
A defesa alega que tanto as supostas vítimas quanto o empresário são amigos e fazem parte do mesmo núcleo social e confirma que as relações aconteceram, mas com consentimento entre os envolvidos.
O acusado foi enquadrado no artigo 217-A, que define a vulnerabilidade das vítimas em não ter condições de consentir com o ato sexual. Uma delas, que seria a de 2019, denuncia que Rodrigo colocou um remédio dentro da boca dela quando se encontraram.
“É muita informação que são ditas apenas pelas palavras das vítimas. Não existe prova concreta, pelo contrário. Eu tenho que, após esse ato, as conversas dela com ele não tem abuso sexual. Aquilo não existe”, disse Graciele.
Além da suposta tentativa de atrapalhar as investigações, a advogada acredita que há motivação política para a prisão de Rodrigo Carvalheira. Ela denuncia que uma das vítimas teria um relacionamento com um adversário do empresário.
“Existe um político adversário que tem um relacionamento com uma delas [mulheres que estão fazendo a denúncia] que foi bem claro: ‘Ou você tira a candidatura ou eu te denuncio’, afirmou Graciele Queiroz.
Rodrigo Carvalheira fazia parte do Partido Renovação Democrática (PRD) e foi expulso após a prisão. Segundo nota divulgada pela sigla, o empresário nunca foi membro da executiva estadual do PRD em Pernambuco, nem ocupou qualquer posição de liderança em outros níveis organizacionais.
A filiação dele ao PRD aconteceu de forma automática, como resultado da fusão entre PTB (do qual ele foi eleito presidente em 2023) e Patriota, que aconteceu em novembro de 2023.
Após a prisão no período da manhã, Rodrigo Carvalheira foi encaminhado ao Centro de Triagem Everardo Luna (Cotel), que fica em Abreu e Lima, na Região Metropolinta do Recife, e vai passar por audiência de custódia nesta sexta-feira (12).
A advogada Graciele Queiroz esteve no local e ressaltou que o próximo passo da defesa será pedir a revogação da prisão. “Na medida do possível, ele está bem, mas aquele lugar não é um ambiente para ele. Vamos correr atrás e amanhã [sexta] estarei com Rodrigo novamente”.
Entenda o caso
O empresário Rodrigo Carvalheira foi preso na manhã desta quinta-feira (11), em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Ele foi autuado por crimes contra mulheres.
De acordo com a Polícia Civil de Pernambuco (PCPE), equipes da 1ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher deram cumprimento ao mandado de prisão preventiva em desfavor do empresário de 34 anos.
Por meio de nota, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) informou que os casos de violência doméstica e sexual contra a mulher correm em segredo de justiça, visando a preservar a intimidade da vítima. Além disso, o acesso aos dados está limitado apenas às partes envolvidas e aos seus respectivos advogados/representantes legais.
O empresário foi levado para a Delegacia da Mulher, no bairro de Santo Amaro, na área central da capital pernambucana, e, em seguida, ao Instituto de Medicina Legal (IML), no Recife, para realizar exame de corpo de delito.
O empresário foi encaminhado ao Cotel. O caso está sob a investigação da delegada Jéssica Ramos.
Por meio de nota, a produtora de eventos Carvalheira informou que foi surpreendida com diversas notícias que ligavam a empresa a Rodrigo Carvalheira e negou relação. “Não existe nenhum tipo de relação do empresário com a Carvalheira”, afirmou o sócio Eduardo Carvalheira.