O primeiro paciente no mundo a passar por um transplante de intestino foi um bebê de 13 meses. A pequena Emma recebeu o órgão no Hospital Universitário de La Paz, em Madri, e já está em casa com os pais. Ela sofria de uma insuficiência intestinal que foi diagnosticada desde o seu primeiro mês de vida. Antes da cirurgia, o estado de saúde da menina era grave.
A operação foi realizada pela equipe do doutor Francisco Hernández Oliveros, que é chefe da Seção de Cirurgia Pediátrica do hospital, e foi anunciada nesta terça-feira (11) em uma entrevista coletiva feita pelo Ministro da Saúde de Madri, Enrique Ruiz Escudero. O transplante ocorreu após uma doação em baixa frequência cardíaca (assistolia).
Isso possibilita a incorporação de mais doações pediátricas, já que inclui na lista de potenciais doadores pessoas que talvez não tenham a morte encefálica confirmada, mas que, se retirados do ventilador de forma controlada, podem doar seus órgãos. Ou seja, a possibilidade de doação dentro dos cuidados de fim de vida de alguns pacientes é contemplada.
A técnica permite que os órgãos sejam preservados no momento da morte com a perfusão de sangue oxigenado por todo o corpo, realizado por meio do sistema de Oxigenação por Membrana Extracorpórea (ECMO). Desse modo, o órgão a ser transplantado não se deteriora.
Em La Paz, a doação sem batimentos cardíacos foi usada em adultos pela primeira vez em 2014 e, em crianças, em setembro de 2021. Até agora, já foram feitos 147 transplantes, sendo 12 pediátricos. Ao todo, cerca de 30% dos candidatos que estão na lista de espera morrem antes de receber o novo órgão. Ainda assim, a doação de intestino pela assistolia nunca havia sido utilizada.