Pelo menos, as aparições de Maria entre os quatro evangelhos do Novo Testamento, se resumem ao fato do nascimento de Jesus, no Casamento de Caná da Galileia e aos pés da cruz com Jesus sendo crucificado. Daí em diante ou pra trás, os registros são escassos ou quase nenhum nesse apagamento quase proposital de Maria, que equivale no Antigo Testamento (do hebraico) ao nome Miriam.
Maria era descendente da tribo de Levi, agricultora, de uma família de sacerdotes. Provavelmente casou-se com o judeu José (tribo de Judá) aos 14 anos de idade. Não por acaso sua escolha para ser mãe do Salvador da Humanidade. Maria reunia o perfil idealizado na presciência divina para conceber Jesus se apresentando em carne e mistério como ser humano, rejeitado sem parecer nada nem formosura.
Maria, embora com a história teológica a lhe esconder, foi liderança firme, testemunha convicta da presença poderosa do seu filho Jesus Cristo. Não à toa, ela apresentou Jesus Cristo em Caná para seu primeiro e emblemático milagre ao transformar água em vinho naquela festa nupcial entre amigos. Maria exerceu liderança com as credenciais que o próprio Senhor Jesus lhe orientou. “Mulher eis aí o teu filho”, certamente referindo ao seu irmão Tiago, que se encarregou de escrever uma epístola universal e que foi importante na formação eclesiástica dos primeiros membros da Igreja em Jerusalém.
Em livro recente, “THE LOST MARY” ainda sem tradução para a língua portuguesa, do teólogo James D. TABOR, Maria é apresentada historicamente como personalidade real e estratégica para a primeira etapa da Igreja. E ninguém, melhor que ela, para ter a confidencialidade, os sinais extraordinários, a orientação sobrenatural, para entender esse doce mistério da natureza humana entrelaçada ao mistério divino. Nesses 2 mil anos, Maria tem sido cultuada, celebrada, cantada, erguida, em templos católicos, em hinos sacros, estátuas, esculpida em metais, madeira e pedra. Venerada, também tratada com desdém por evangélicos que ignoram seu papel bíblico e sua importância na igreja Primitiva.
Marcelo Damasceno
Jornalista de Petrolina (PE)






