Fenômeno La Ninã ameaça produção de frutas do Vale do São Francisco

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Enquanto para alguns setores produtivos do Estado a configuração do fenômeno La Niña (que provoca chuvas no Nordeste e seca no Sudeste) é sinônimo de redenção após cinco anos de seca, para outros, sua chegada traz preocupação. Se o fenômeno climático se concretizar até o fim deste ano e começar a chover na Região, como preveem alguns especialistas, a produção de manga e uva do Vale São Francisco vai perder qualidade. Esta época do ano é considerada a mais importante para o mercado, porque concentra a colheita de frutas tipo exportação.

Gerente-executivo da Associação dos Exportadores Hortigrangeiros e Derivados do Vale do São Francisco (Valexport), Tássio Lustoza explicou que chuvas em grandes proporções, nesta época do ano, trariam uma série de prejuízos. “Perderíamos tudo que produzimos. Para se ter ideia, 70% da exportação do Vale é centralizada no segundo semestre e é exatamente nessa fase que colhemos a melhor uva”, afirmou, destacando que as variedades Crimson e Arra15 são as preferidas dos europeus, americanos e japoneses. Já de manga, destacou, as que têm mais saída são as de variedade Tommy, Palmer, Kent e Ataulfo.

Nos próximos três meses, a previsão é que 109 mil toneladas de manga e 20 mil toneladas de uva sejam vendidas para o exterior. A expectativa é que a comercialização dessas frutas cresça 10% em relação a 2015, movimentando US$ 72 milhões por ano para o mercado de uva e US$ 180 milhões para o de manga, em função da negociação para o exterior. Já o mercado interno deve movimentar US$ 120 milhões pelos produtores de uva e US$ 140 milhões pelos de manga. Do total produzido no Vale, 22% são direcionados para a exportação e 78% para dentro do País.

Segundo a gerente da Cooperativa de Produtores Exportadores do Vale do São Francisco (Coopexvale), Jucileide Vieira, chuvas intensas rachariam as uvas, deixando-as impossíveis de exportar. “A última vez que aconteceu isso foi em 2008, quando chegamos a perder a janela internacional”, relembrou. Por enquanto, o efeito climático ainda não se configurou, tranquilizou a meteorologista da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), Zilurdes Lopes. “Entretanto, há uma previsão que ele ocorra ainda este ano”, ressaltou.

Por outro lado, essa notícia agrada aos criadores de bovinos, caprinos e produtores de leite de Pernambuco, que há anos vêm sentido os efeitos negativos da seca em suas atividades. Se a previsão se concretizar, o Sertão de Pernambuco pode sentir os efeitos já no próximo período chuvoso, marcado para iniciar em novembro, e o Agreste somente em 2017, quando a quadra chuvosa recomeça em junho. (Folha PE).