Artigo do leitor: 25 de julho, a mulher negra resiste!

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NEGRAS

Acontecia na cidade de Santo Domingo, na República Dominicana, em 25 de julho de 1992, o I encontro de mulheres afro-latino-americanas e afro-caribenhas com o objetivo de discutir a opressão vivida em comum e a luta pelo fim das desigualdades raciais, de gênero e de classe. Os desafios eram tão grandes que ficou estabelecido o 25 de julho como o dia da Resistência da mulher negra em toda a América Latina e Caribe.

Conquistamos alguns direitos como mulheres, como o direito ao voto, por exemplo, mas até hoje, a maior parte das mulheres negras tem que optar por trabalhar ou estudar, criar os filhos ou estudar e, sem estudos, se submeter a condições precárias de trabalho. E muitas vezes sofrer situações de violência doméstica por não ter onde ir com os filhos. Hoje, recebemos 35% do que recebe um homem branco e o homem negro 48%, 71% das mulheres negras estão em condições precárias, contra  54% das homens negros.  Quando se trata de população carcerária, temos um número grande de jovens, geralmente, negros; também os mortos pelas mãos policiais. E mais, ainda somos as que mais sofrem com os estereótipos e as imposições de padrão de beleza. Foi nos imposto um padrão europeu de beleza, que para ser uma mulher considerada linda, delicada e aceita pela sociedade, deve-se ter traços finos, ser magra, de pele clara e cabelos lisos, não se envolver em política nem com negócios e cuidar bem do lar e de seu marido. Não é à toa que muitas mulheres e crianças não se reconhecem como negras, sentem-se obrigadas alisar os cabelos para se sentirem com menos vergonha ou culpa.

Somos seres pensantes, não nos resta mais nada senão a luta. Somos negras trabalhadoras, pobres, sem moradia, sem emprego, sem saúde, fora das universidades e do governo, fomos marginalizadas e excluídas. Nosso sangue é derramado há séculos. Não nos esqueceremos nem um minuto de cada filho assassinado. De cada ”não” recebido. De cada prato vazio. Vamos cobrar em dobro.

Viva o 25 de julho!

Viva a luta das mulheres negras!

Viva o Movimento de Mulheres Olga Benário!