A barragem de Jucazinho, em Surubim, no Agreste, chegou a 1% do volume total, o mais baixo desde o ano 2000, quando o reservatório passou a ser monitorado pelo estado. Atualmente, a tarefa de fiscalizar o local é da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac). A situação de Jucazinho consta no boletim de monitoramento do órgão da última segunda-feira (18). O documento indica colapso.
Dos 327 milhões de metros cúbicos que a barragem pode guardar, apenas 3,3 milhões estão acumulados. Jucazinho atingiu o volume morto em novembro de 2015, depois de chegar a 2,52% do total. Apesar de ter chovido forte no último final de semana em Pernambuco, a situação da barragem piorou em relação ao início deste mês, quando os dados da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) apontavam que o local estava com 1,18% da sua capacidade, com 3,9 milhões do volume morto.
O diretor regional do Interior da Compesa, Marconi de Azevedo, afirmou que ainda será possível usar a água de Jucazinho até maio deste ano. De acordo com ele, as chuvas de sábado e domingo resultaram numa melhora discreta apenas da Barragem do Prata, na cidade de Bonito, também no Agreste.
Doze cidades da região dependem exclusivamente de Jucazinho. Essas passam por racionamento severo, com 28 dias sem água nas torneiras e um dia com. Caso não haja chuvas, o abastecimento desses municípios ficará restrito aos caminhões-pipa. “Cada cidade tem uma situação diferente. Em algumas, existem reservatórios que variam entre cinco e dez mil litros de água e a população irá buscar o recurso nesses locais, como se fosse um chafariz. Em outras, vamos passar nas ruas e as pessoas vão pegar. Mas isso tudo é se não chover. Estamos no início do inverno”, detalhou Marconi de Azevedo.
Gerente de monitoramento e Fiscalização da Apac, Lígia Enders explicou que chover apenas não resolve o problema. “É preciso que a água caia na área de influência de Jucazinho, que a chuva apareça em locais próximos à barragem, ao redor do manancial.” Segunco ela, a Apac recebe informações diárias do reservatório e permanecerá monitorando a barragem mesmo que ela seja desativada.
Inaugurada em 1998 pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Jucazinho foi o principal manancial do Agreste por 18 anos. Das 15 cidades atendidas pela obra, três delas ainda contam com outras fontes de água. Parte da cidade de Caruaru recebe água da Barragem do Prata, em Bonito. Gravatá é abastecida pelas barragens de Amaraji, Brejinho e Cliper, essas duas localizadas na própria cidade. Já Bezerros, recebe água da Barragem do Brejão, em Sairé.
Ainda segundo a Apac, a crise hídrica é fruto da estiagem que atinge Pernambuco há cinco anos. Dois principais fatores estão influenciando a escassez de chuvas no estado: o fenômeno El Niño, que compromete a formação de nuvens, e o oceano atlântico, responsável pelos ventos que respondem a comportamentos térmicos.
Municípios abastecidos por Jucazinho (Surubim)
Bezerros
Casinhas
Caruaru
Cumaru
Frei Miguelinho
Gravatá
Passira
Riacho das Almas
Salgadinho
Santa Cruz do Capibaribe
Santa Maria do Cambucá
Surubim
Toritama
Vertente do Lério
Vertentes
327 milhões de metros cúbicos é o volume total de Jucazinho
3,3 milhões de metros cúbicos é o volume atual da barragem
Cidades que recebem água de Jucazinho, mas não dependem exclusivamente da barragem
Gravatá – Barragem de Amaraji, Breginho e Cliper (Gravatá)
Caruaru – Barragem do Prata (Bonito)
Bezerros – Barragem do Brejão (Sairé)
Fonte: Compesa
(Diário de Pernambuco)