Quando a jornalista e servidora pública Denise Soares recebeu a notícia que sua mãe fora diagnosticada com Alzheimer e o pai com demência por Corpos de Levy (DCL), a primeira reação foi de choque e negação. Uma profunda tristeza, seguida de medo do futuro e do que as doenças reservariam para Dona Maria das Mercês (87 anos), Sr. Raimundo Rodrigues (falecido em maio de 2022 aos 86 anos) e toda a família.
Passados os obstáculos iniciais, incluindo a perda gradual da memória e das capacidades físicas, comportamentais e cognitivas de seus pais, Denise resolveu entrar em ação de forma enérgica e deliberada. Alugou uma casa mais espaçosa e adequou um quarto para amenizar as dificuldades e melhorar o tratamento dos seus familiares.
A ajuda médica, que já chegava através do programa da Unimed Vale do São Francisco, Unimed Lar, recebeu um reforço substancial através de uma abordagem holística ativa para indivíduos de todas as idades que enfrentam sofrimento grave: a prática dos Cuidados Paliativos, que surgiu na década de 1960, no Reino Unido, e chegou ao Brasil na década de 1980. O trabalho pioneiro da médica inglesa Cicely Saunders, que beneficia atualmente mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a Aliança Mundial de Cuidados Paliativos (WorldwidePalliative Care Alliance), modificou sensivelmente a rotina da casa dos Rodrigues Soares, dando um novo alento à família e qualidade de vida ao Sr. Raimundo e Dona Maria das Mercês.
Com uma equipe interdisciplinar, formada por médico, enfermeiro, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo e assistente social, o programa, hoje de referência nacional, passou a avaliar e cuidar quinzenalmente das necessidades emocionais, sociais e espirituais dos pacientes e da família. “A doença do meu pai era mais complexa, mas podemos acompanhar todo o processo de finalização com a presença terapêutica e tranquilizadora desses profissionais que passaram a ser nossos amigos. Apesar do meu pai ter falecido, foi bem cuidado e assistido. O tempo que ele viveu, viveu bem”, recorda emocionada Denise.
Após a partida do Sr. Raimundo, o tratamento prosseguiu com Dona Mercês com a mesma assistência e cuidados adequados, sem custos adicionais para os beneficiários do plano. Além das visitas domiciliares regulares e das medicações, a paciente sempre tem à mão, quando necessário, o auxílio e o cuidado atencioso do programa, que chegou às cidades de Petrolina-PE e Juazeiro-BA, há 10 anos pelas mãos da Unimed Vale do São Francisco. De acordo com o coordenador dos Cuidados Paliativos, os médicos geriatras Fabrício Cagliari, neste tempo, já foram atendidos à domicílio mais de 180 pessoas, entre idosos, jovens e até crianças. São pacientes encaminhados por profissionais ou pelas famílias dos beneficiários com doenças em fase avançada, que vão dos casos neurológicos, como as demências e os acidentes vasculares encefálicos, até os oncológicos, gastroenterológicos, pneumológicos e cardiológicos.
Hoje o programa atende entre 18 e 20 pacientes por mês, através do controle da dor e outros sintomas; prevenção de agravos e incapacidades; promoção da independência e autonomia, além da ativação de recursos emocionais e sociais, de redes sociais de suporte; apoio e orientação à família e cuidadores. Uma prática reconhecida e recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para todos os países, particularmente para os de baixa e média renda, onde há menor acesso a estes cuidados.
Segundo o presidente da Unimed Vale do São Francisco, Francisco Otaviano, os Cuidados Paliativos representam um dos principais diferenciais da cooperativa médica, refletindo a qualidade do cuidado e o bem-estar do paciente. “Nosso programa vem sendo avaliado positivamente, desde os primeiros anos, principalmente pelo cuidado humanizado, o acolhimento e o suporte integral às famílias, proporcionando ao paciente uma vida plena e digna até o fim”, destacou, ressaltando o aumento global da demanda por cuidados paliativos, impulsionada pelo envelhecimento populacional e pelas doenças crônicas.
“Nosso maior contentamento é entrar na casa, que nos confiou um bem precioso, estabelecer um vínculo de confiança e amizade e passar a fazer parte daquela família. Nesses 10 anos dos Cuidados Paliativos o que mais nos orgulha é ter feito a diferença na vida de cada um desses pacientes e de suas famílias“, revela Fabrício Cagliari. O geriatra e paliativista também não esconde a satisfação em frisar que o programa foi um dos primeiros serviços de Cuidados Paliativos do Vale do São Francisco e do interior do Norte-Nordeste, e que na região também surgiu a primeira Residência de Medicina Paliativa do interior do Norte-Nordeste, na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), que acabou de concluir sua primeira turma.
Outra realização recente também trouxe muita alegria à equipe e aos beneficiários do programa. Dona Maria das Mercês, apesar das limitações físicas e emocionais, realizou um sonho há muito desejado. Conduziu com beleza, charme e elegância, até o altar da Igreja Matriz de Petrolina, as alianças de casamento da sua neta, Vitória com o noivo, Sheldon. Uma conquista inesquecível para a família Rodrigues Soares, que contou com o suporte, o profissionalismo e o carinho do programa de Cuidados Paliativos da Unimed Vale do São Francisco. “Uma equipe que tem sido uma benção para mim, minha casa e toda a família“, conclui Denise Soares.
(Por Carlos Laerte)






