Delegado e perito afirmam que Beatriz não foi assassinada no local onde a encontraram

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“Antes de Beatriz ser assassinada, suspeito do crime havia abordado outra criança” (Foto Acima local onde garota foi encontrada).

Já se passaram mais de três meses do brutal assassinato da garota Beatriz Angélica Mota, ocorrido no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, Centro de Petrolina e o caso ainda é considerado para a polícia complexo, em relação a motivação do crime.

Em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira (29), o delegado responsável pelo caso Marceone Ferreira Jacinto e o perito de Recife Gilmário Lima, afirmaram que a menina não foi morta no local, onde a encontram, dentro do depósito onde eram guardados alguns materiais esportivos. No espaço foi encontrada apenas uma mancha de sangue pequena.

O caminho percorrido pelo assassino até o local do depósito não havia sinais de sangue, afirmaram ainda os responsáveis pelo caso.

bia2“Não há nenhum vestígio de sangue nas paredes ou outro local na sala onde ela foi encontrada, apenas uma mancha de sangue embaixo do corpo”, revela o delegado ressaltando que não havia monitoramento nos locais mais próximos onde ocorreu o crime. 

A criança foi morta, portanto em outro local não divulgado na coletiva e em seguida foi transportada de alguma forma e jogada dentro do depósito atrás do armário, de acordo com o último laudo divulgado pela polícia comprovando toda a logística e probabilidade de participação de mais de uma pessoa no assassinato.

“Teve participação de mais de uma pessoa, de gente que estava vigiando na hora”, afirma o delegado. 

Na vista aérea da escola, duas árvores chamaram a atenção devido o espaço ter facilitado a pessoa ou os envolvidos como rota de fuga.

Antes do crime (o misterioso sumiço de chaves)

bia6Dez dias antes do crime, três chaves da escola sumiram e elas foram passadas para funcionários da escola, podendo está com elas, um segurança e dois assistentes de disciplina, (imagem ao lado) e o fato foi registrado em um livro de ocorrências.

As chaves que desapareceram, dariam acesso aos portões que ficam próximos da sala onde Beatriz foi encontrada morta.

O dia do crime

No dia 10 de dezembro de 2015, havia um fluxo muito grande de pessoas próximas ao corredor e sala onde Beatriz foi encontrada, pois no local, as pessoas que estavam na festa costumavam descer pelas escadas que liga a quadra onde acontecia o evento até o bebedouro.

bia4“Assim como as outras pessoas, Beatriz desceu e foi beber água. Algumas pessoas iam para debaixo dessas mangueiras e não é possível que alguém não tenha visto nada, porque Beatriz foi induzida para o local e próximo a ele tinham outras salas que estavam trancadas. (Foto ao Lado). A sala onde Beatriz foi encontrada, atrás de um armário sempre ficava sem cadeado depois de um incêndio ocorrido nesse espaço. Houve uma dificuldade de encontrar o corpo no dia porque ele estava muito escondido, mas uma testemunha entrou lá e viu a perna da garota”, conta o delegado Marceone Ferreira.

A cena do crime forma um triângulo, sendo que foram 20 minutos de execução, não havendo a possibilidade das pessoas ou pessoas, que praticou a ação ter aproveitado outros espaços do colégio.

O delegado também falou das condições do monitoramento interno da escola, o que segundo ele, prejudicou as investigações.

“No momento do crime todas as lâmpadas dos corredores onde aconteceu o crime estavam apagadas. Depois que encontraram a criança morta ai ligaram as luzes e a partir daí as imagens ficam mais nítidas. Temos monitoramento precário na área externa e isso é um fator que vem dificultando bastante as investigações. Não é um monitoramento de excelência, mas se as luzes tivessem acessas melhoraria e muito as investigações ”, disse. 

As lâmpadas perto do local estavam todas apagadas e após a criança ser encontrada, ligaram as luzes, onde era perceptível ver indícios do espaço até chagar no local da sala de depósito.

Os personagens da festa

No dia da solenidade, oficialmente quatro seguranças trabalhavam na festa. Dois ficaram no portão de entrada, com a frente voltada para a Praça da Catedral, um ficou na área interna da escola (que fica na área das mangueiras e parque infantil), fora isso, dois assistentes trabalharam dentro do ginásio.

bia7Dentro das investigações existem outros cinco personagens (ilustração ao lado) importantes que foram apresentados na delegacia, sendo que o primeiro deles revela nas imagens do circuito interno da instituição uma impressão de nervosismo da mesma no horário do crime, caminhando de um lado para o outro, inquieto na hora que o crime estava ocorrendo. Essa pessoa, que é um homem, mentiu várias vezes em seu depoimento a polícia.

Um segundo personagem negou a polícia que estava dento da quadra, mas as imagens mostram o contrário. O terceiro personagem pediu para não trabalhar na noite do crime, disse que não estava no dia, mas testemunhas viram essa pessoa dentro da quadra. O personagem quatro, que é uma mulher, teria seguido até o local, onde o corpo foi colocado, transitando várias vezes dentro do intervalo de tempo, onde a criança desapareceu e mentiu em seu depoimento na delegacia.

O quinto e último personagem, de acordo com as imagens coletadas pela polícia civil, entrou em uma sala, onde ficou por 40 minutos, em seguida saiu nervoso e retornou a sala e ficou no espaço por mais uma hora. Essa pessoa exerce a função de vigilante e na hora do crime estava dentro de uma sala.

Entende-se com esses depoimentos, que funcionários do Colégio, através de hipóteses sabiam de algo e prestaram esclarecimentos que por versão, pareceram, de acordo com a Polícia Civil contraditórios.

O retrato falado (suposto assassino de Beatriz e seu comportamento na noite do crime) 

Nove pessoas confirmaram terem viso a pessoa do retrato falado com a cor da camisa verde. Quando Beatriz desceu para beber água, o suspeito estava próximo ao bebedouro, uma hora disfarçava beber água, baixava a cabeça, foi visto nos banheiros feminino e masculino e teria ele mesmo abordado a garota. 

Outra criança teve um encontro com o suspeito

bia3Segundo o delegado, uma outra garota teria sido abordada por essa mesma pessoa e ele teria chamado essa criança para ajudá-lo a “pegar umas mesas” (ilustração ao lado). Foram com essas palavras que o suspeito abordou essa outra criança, que saiu correndo assustada, sendo que o único lugar onde existia mesa, era na sala ao lado do depósito, onde Beatriz foi encontrada.

“quando chegava um adulto ele baixava a cabeça e ele foi visto até por funcionários da escola e as pessoas iam questionando: “tinha um cara estranho lá embaixo”, detalha Marceone Jacinto.

Esse episódio dar a entender, que se não fosse Beatriz, a vítima seria outra criança, mas a tentativa do suspeito acabou sendo frustrada.

Comportamento do suspeito na noite do crime

Segundo testemunhas, desde as 8 da noite já era possível constatar a presença do suspeito nas dependências do Colégio, sendo considerado um dos autores diretos do crime.

Outra pessoa desceu dois minutos antes de Beatriz e encontrou com o suspeito, que estava aparentemente nervoso e batendo fortemente com o celular na grade. A testemunha estava falando no celular e ficou ao lado do suspeito. Assustada, a testemunha retornou ao ginásio e cruzou com Beatriz descendo a escada.

O momento do assassinato de Beatriz

De acordo com o delegado, no momento em que Beatriz desceu a escada, uma outra pessoa (um adulto), seguiu atrás da garota e 29 segundos depois essa pessoa não viu mais a garota.

“Foi uma ação muito rápida e alguém conhecido pegou na mão da garota e a levou. A criança não estava mais no bebedouro e o interessante é que três, quatro, cinco pessoas estavam ali próximas embaixo das árvores, (duas mangueiras, sendo possível ver o que está acontecendo). Essas pessoas, certamente ou participaram, ou viram tudo, ou deram cobertura, é impossível não ver nada”, afirma o delegado.

A perícia

O perito Gilmário Lima do Recife especialista em casos de grande repercussão disse que o laudo do local, está sob sigilo. Foram feitas análises nas entradas principais da escola e o trabalho é considerado complicado pela falta de câmeras de segurança em áreas isoladas da instituição. A única câmera ficava 53 metros do local do crime. 

Todo equipamento, segundo o perito, é moderno utilizado em casos de complexidade como o de Beatriz

bia5“São equipamentos modernos, técnicas avançadas de identificação de manchas de sangue utilizadas pelas polícias, civil e federal e programas que melhoram a qualidade de imagem”, ressaltou Gilmário Lima. 

A perícia criminal e técnica revela que o quebra-cabeça foi montado, a partir do momento que Beatriz desaparece, ação que durou 20 minutos, onde ela foi deslocada de um local para o outro. 

Os personagens citados pela polícia passaram todos pelo local do crime, que não se limita apenas na área do depósito, na área externa da quadra onde acontecia o evento. 

“Com imagens aéreas de drone, percebemos a rota de fuga dos criminosos. Alguém entrou e alguém saiu sem passar pelos acessos principais da escola, provavelmente alguém estava com alguma das chaves que sumiram 10 dias antes do crime”, relata o perito.

Segundo o perito, alguém conhecia a sala onde Beatriz foi morta e sabia o que estava fazendo. A pessoa que praticou o crime encontrou um local exato e escondido para ocultar o corpo, até as pessoas participantes votarem para os seus lugares ou fugirem.

Todas as perícias foram realizadas em outros ambientes, mas não foi divulgado na coletiva, o verdadeiro local onde Beatriz foi morta. 

Ainda segundo informações periciais reforçam, que quem colocou Beatriz no depósito, não deixou marcas de sangue por onde passou. 

“Beatriz não chegou nessa sala andando ou arrastada e na sola do seu sapato, não apresentava fuligem suficiente decorrente do incêndio que já teve naquela sala”, concluiu o perito, alegando também que o crime teria sido premeditado. 

A faca do crime foi encontrada ao lado do corpo, as lesões visíveis demonstram que quem fez isso estava com muita raiva e não se pode comprovar ainda se a arma foi deixada propositadamente ou se foi uma falha na execução do crime. 

A polícia também não descarta que várias pessoas executaram o crime e os vestígios de materiais da cena do crime foram todos coletados.

Investigações continuam

No momento não há como mandar prender pessoas que estariam envolvidas, já que as análises e investigações continuam.

Todos os personagens envolvidos nos depoimentos e que foram vistos por testemunhas são funcionários do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora. 

De acordo ainda com as investigações, Beatriz não foi induzida a ir até o bebedouro, o crime aconteceu quando houve uma oportunidade, já que a garota já tinha descido outras vezes para beber água com o consentimento da mãe. 

O Colégio Maria Auxiliadora apresenta em seu quadro mais de 200 funcionários. Apenas quem trabalhou no dia da festa já foi ouvido. 

A polícia ainda não tem como afirmar qual a motivação do crime por falta de apurações, mais provas e encaminhamentos do caso.

4 COMENTÁRIOS

  1. Que Deus ilumine.
    Que seja logo descoberto e os culpados punidos pela lei da terra, por que Deus sabe todas as coisas e não ficará impune.

  2. Que Deus ilumine a Policia e toda equipe de investigação para elucidar esse crime tão barbaro. Justiça seja feita e todos os envolvidos paguem pelo que fizerem.

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