Políticos da lista da Odebrecht negam irregularidades

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Políticos relacionados em planilhas da construtora Odebrecht como beneficiários de doações de campanha feita pela empreiteira negaram nesta quarta-feira (23) ter recebido recursos ilegalmente.

Pela documentação, não é possível afirmar se são doações legais ou feitas por meio de caixa 2 de campanha eleitoral.

Os documentos foram apreendidos na residência do presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa da Silva Junior, que foi preso temporariamente na 23ª fase da Operação Lava Jato e liberado posteriormente pela Justiça.

Depois da divulgação pela imprensa nesta quarta, vários dos políticos cujos nomes aparecem nas planilhas se manifestaram. Leia abaixo:

Senadores e deputados federais

Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados

“Eu só recebo doação de caixa um. Não recebi diretamente da Odebrecht na minha conta, mas, efetivamente, a Odebrecht doou para o PMDB alocado em outras campanhas do PMDB que, provavelmente, parte é meu pedido, sim. É possível, sim. Eu pedi e tem lá claramente… foram várias doações que foram feitas a meu pedido deslocadas do PMDB. Na minha campanha, diretamente, não foi.” (em entrevista)

Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado

“Eu nunca cometi impropriedade. Essas citações, isso do ponto de vista da prova não significa nada, absolutamente nada. Eu sempre me coloquei à disposição, sempre tomei a iniciativa para pedir qualquer investigação que cobram. Eu acho que a diferença é exatamente essa, você ter as resposta para dar.” (em entrevista)

Aécio Neves (MG), senador e presidente nacional do PSDB

“As doações mencionadas constam da PRESTAÇÃO DE CONTAS do Diretório Estadual do PSDB em 2010 e da conta de campanha eleitoral do então candidato ao Senado Aécio Neves. Elas foram realizadas pela empresa LEYROZ DE CAXIAS INDUSTRIA COMERCIO & LOGISTICA LTDA, cujos dados também constam nas planilhas hoje divulgadas. as doações ocorreram na forma legal e estão demonstradas nos documentos públicos registrados pelo PSDB junto ao TRE-MG. A empresa LEYROZ DE CAXIAS INDUSTRIA COMERCIO & LOGISTICA LTDA., CNPJ 06.958.578/0001-31, efetuou um depósito na conta de campanha do Partido (CEF – Agência 0935 – Conta 1456-5 – CNPJ: 24.059.610/0001-29) no valor de R$ 1.600.000,00, na data de 28/09/2010. O recibo eleitoral emitido para doação foi o de Nº 45000262313. Em 21/09/2010, a empresa LEYROZ DE CAXIAS INDUSTRIA COMERCIO & LOGISTICA LTDA, CNPJ 06.958.578/0001-31 efetuou um depósito na conta de campanha do senador Aécio Neves (BANCO BRADESCO – AGÊNCIA 0465-0 – CONTA 450000-8- CNPJ: 12.179.474/0001-21) no valor de R$ 96.000,00. O recibo eleitoral emitido para doação foi o de Nº 45000243569. A prestação de contas de campanha do PSDB de Minas Gerais em 2010 e do senador Aécio Neves foram julgadas e aprovadas sem ressalvas pela Justiça Eleitoral.” (por meio de nota)

Humberto Costa (PT), senador

“A citação na planilha parece fazer menção às eleições municipais de 2012, nas quais o senador Humberto Costa (PT) disputou a Prefeitura do Recife. Como consta da prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral, não houve qualquer doação da Odebrecht à campanha de Humberto daquele ano. O que pode ter ocorrido – se efetivamente houve a doação – é que ela tenha sido feita diretamente ao PT Nacional, que repassou cerca de R$ 1,7 milhão para contribuir com a campanha do senador em 2012, conforme registrado na mesma prestação de contas.” (por meio de nota)

Raul Jungmann (PPS-PE), deputado federal

“Confirmo que recebi o valor de R$ 100 mil de empresas do Grupo Odebrecht para a minha campanha. Este valor foi apresentado na prestação de contas ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), devidamente aprovada sem restrições.” (por meio de nota)

Ministros

Jaques Wagner (PT), ministro do Gabinete da Presidência e ex-governador da Bahia
A assessoria do ministro Jaques Wagner afirmou que ele não vai se manifestar sobre a planilha, porque o documento está sob sigilo, e informou que todas as doações recebidas por ele foram declaradas à Justiça Eleitoral.

Prefeitos

Geraldo Júlio (PSB), prefeito do Recife

“Todas as doações recebidas na minha campanha eleitoral em 2012 obedeceram rigorosamente a legislação eleitoral. A prestação de contas da campanha foi apresentada à Justiça Eleitoral e aprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral. Os detalhes estão disponíveis no site do TRE-PE.” (por meio de nota)

Prefeito de Juazeiro-Bahia, Isaac Carvalho

O prefeito Isaac Carvalho garante não ter recebido nenhuma doação oficial ou extraoficial da Odebrecht para sua campanha. O prefeito informa ainda que não existe sequer uma obra em Juazeiro – concluída ou em andamento – realizada pela Odebrecht e, portanto, não mantém nenhum tipo de ligação com a empreiteira.

Isaac Carvalho informa que as prestações de contas de suas campanhas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral, o que pode ser constatado através do site do Tribunal Superior Eleitoral: www.tse.jus.br

O prefeito de Juazeiro ressaltou ainda que anseia por uma rápida conclusão das investigações para que o fato venha a público com o devido e incontestável esclarecimento.

Partidos políticos

PSB (Partido Socialista Brasileiro)

“As contribuições ao PSB obedeceram as regras estabelecidas pela legislação eleitoral, e estão devidamente declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Como o próprio juiz federal Sérgio Moro afirmou em seu despacho, nesta quarta-feira, não se deve incorrer em prematura conclusão quanto à natureza dessas contribuições. Há contribuições e contribuições, é preciso separar o joio do trigo.” (por meio de nota)

PP (Partido Progressista)

“O Partido Progressista (PP) sempre recebeu doações feitas em conformidade com a legislação eleitoral, as quais estão devidamente detalhadas no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).”

PDT (Partido Democrático Trabalhista)

“O PDT recebeu doações de campanha da Odebrecht em 2012 e 2014. Todas as contribuições foram legais e informadas ao Tribunal Superior Eleitoral. O partido ressalta que suas contas foram aprovadas e estão em dia.” (por meio de nota) (Por Magno Martins).