‘Proibido o celular na escola, agora é preciso regular as big techs’, dizem especialistas 

A Prefeitura do Rio finalizou a consulta pública a respeito da proibição de celulares durante todo o horário escolar. Após um mês, a Secretaria Municipal de Educação recebeu mais de 10 mil contribuições da população. Foram 83% de respostas a favor da proibição do uso do aparelho e 6% contrárias. E 11% das respostas foram parcialmente favoráveis. Em agosto de 2023, foi publicado um decreto proibindo o uso dos aparelhos dentro da sala de aula. A consulta pública foi lançada em dezembro, pois a Prefeitura estuda a extensão da medida e banir os celulares de todos os ambientes escolares. O principal caminho considerado é que os alunos não usem o aparelho nem nos intervalos entre as aulas e nem no recreio.

Especialistas das áreas de educação e psicologia reconhecem que a lei federal recém-sancionada que proíbe o uso de celulares pelos estudantes nas escolas  é acertada, mas advertem que ela é apenas o primeiro passo no combate ao problema do vício digital que tem afetado a sociedade de uma forma mais ampla.

Na avaliação do pedagogo Paulo Fochi, professor e pesquisador da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) especializado em educação infantil, o banimento dos celulares no ambiente escolar é uma medida de “redução de danos”.

Para atacar o problema na raiz, segundo ele, o necessário são leis que regulem a atuação das big techs, como são conhecidas as gigantes multinacionais que dominam o mundo digital:

“O problema está nas redes sociais, que são deliberadamente desenhadas pelas big techs para serem viciantes. O design do vício faz nosso organismo produzir dopamina [neurotransmissor que gera bem-estar] e sentir que nas redes sociais temos atenção, afeto, amizade e vínculo, sendo que, na realidade, elas não nos entregam nada disso”.

Fochi diz que, com o intuito de manter as pessoas conectadas o maior tempo possível e assim lucrar, as empresas se apoiam na produção de fake news, pânico, ódio, intolerância política e violência contra grupos minoritários:

“As big techs faturam com a nossa desinformação. Um sinal claro disso é a alteração das regras de checagem de dados recentemente anunciada pela Meta [empresa dona do Facebook, do Instagram e do WhatsApp], que abre ainda mais espaço para a divulgação de desinformação nas redes sociais. O poder público precisa agir de forma contundente e impor normas para evitar os males que a falta de regulação do mundo digital tem provocado nos indivíduos e na sociedade como um todo”.

(Fonte: Agência Senado/Foto:Alan Costa/Prefeitura do Rio de Janeiro)

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