Homens com 30 anos, pardos e alfabetizados formam maioria dos moradores de rua de Pernambuco, diz ObservaDH

O retrato da pessoa em situação de rua em Pernambuco pode ser descrito assim: é um homem pardo, de idade entre 30 e 39 anos, que já frequentou a escola e sabe ler e escrever ao menos o nome. Esse homem não tem nenhum contato com a família, afinal, foram os problemas com eles que o fizeram sair de casa, ele dorme na rua e busca assistência em Centro de Referência a População de Rua. Tenta sobreviver fazendo bicos, às vezes catando recicláveis, guardando carros e também na construção civil.

Esse retrato foi desenhado a partir de dados do Observatório Nacional dos Direitos Humanos (ObservaDH) com base nos números do Cadastro Único, coletados até julho de 2023, divulgados pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Ao falarmos do Brasil, o número de pessoas vivendo assim aumentou, aproximadamente, 25%. Segundo o levantamento divulgado, nesta sexta-feira (3), pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, da Universidade Federal de Minas Gerais, em dezembro de 2023 havia 261.653 pessoas nesta situação, em dezembro de 2024 o número chegou a 327.925.

“O aumento dessa população de rua é uma indicação de que alguma coisa está acontecendo. Talvez seja a da impossibilidade da empregabilidade ou da perda de posses”, comentou o coordenador da Cátedra Unesco Unicap Dom Helder Camara de Direitos Humanos e professor de Direito da Universidade Católica de Pernambuco, Manoel Moraes. “O que a sociedade não pode fazer é atribuir a pessoa que está em situação de rua, o estigma por ela estar na rua”.

Segundo o professor, essa forma negativa de enxergar a pessoa em situação de rua se trata de uma postura da sociedade em que, “quem não produz, não pode ser inserido no sistema”.

“Uma parte dessa população não tem condições de empregabilidade. Não porque ela não quer trabalhar, mas, sim, porque a sua condição, que pode ser até psiquiátrica, não permite o acesso ao emprego”, disse Manoel Moraes.

É como se fosse um loop em que a pessoa perde tudo que tem, passa a viver na rua, não consegue um trabalho por conta de sua falta de moradia e passa a depender de bicos e, principalmente, do poder público. (Foto: José Cruz/Agência Brasil).

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