A cada três horas, um médico sofre violência enquanto trabalha no Brasil, mostra levantamento

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Um novo levantamento do Conselho Federal de Medicina ( CFM) mostrou que, a cada três horas, um médico é vítima de violência enquanto trabalha no Brasil. A estimativa foi feita com base na análise de boletins de ocorrência registrados nas delegacias de Polícia Civil entre 2013 e 2024.

Os resultados mostram que ao longo do período foram 38 mil registros, uma média de nove casos de violência por dia contra os profissionais enquanto atuavam num estabelecimento de saúde, público ou privado.

O Conselho destaca ainda que há uma tendência crescente. De 2013 para 2023, o número cresceu 49,6% e chegou ao recorde de 3.993 registros, uma média de 11 por dia e dois por hora no ano passado.

Ao longo da década, os boletins relataram casos de ameaça, injúria, desacato, lesão corporal, difamação, entre outros crimes. Há, inclusive, registros de mortes suspeitas dentro de estabelecimentos de saúde, diz o CFM.

Os locais foram unidades de saúde, hospitais, consultórios, clínicas, prontos-socorros, laboratórios e demais espaços semelhantes. Os autores dos atos violentos foram principalmente pacientes, familiares dos atendidos e desconhecidos. Casos de ameaça, injúria e até lesão corporal cometidos por colegas de trabalho foram registrados, porém foram minoria.

Em relação ao gênero, o número de casos foi semelhante entre homens e mulheres, alinhado à proporção atual de médicos brasileiros. Em 2024, já foram reunidos 1.177 episódios de violência, mas muitos estados não forneceram informações.

— Os resultados nos levam a crer que essa violência ocorre não apenas com médicos, mas também com outros profissionais da área da saúde. São dados coletados tanto de serviços privados, como públicos do país. Nesse sentido, vamos articular ações com outros Conselhos em busca de medidas concretas, como leis mais rígidas que punam o infrator — disse o 2º Secretário Estevam Rivello Alves, diretor de Comunicação do CFM, em coletiva de imprensa sobre a pesquisa.

Os responsáveis pelo levantamento explicam que a forma de coleta dos dados pelos estados não permitiu a estratificação de quantos registros foram em unidades particulares e públicas. Além disso, que as discrepâncias das informações e o fato de que nem todo médico registra um boletim de ocorrência são alguns fatores que os levam a acreditar que o cenário é de uma subnotificação. (Estetoscópio – Foto: internet).