Decisão de Desembargador ‘liberta’ fundador da facção Bonde do Maluco; Ele já foi preso em Sertânia (PE)

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Uma decisão polêmica do Poder Judiciário da Bahia colocou de volta às ruas um dos homens mais perigosos do estado. O cofundador e uma das principais lideranças da maior facção criminosa da Bahia, o Bonde do Maluco (BDM), Ednaldo Freire Ferreira, mais conhecido como “Dadá”, ganhou o benefício da prisão domiciliar no último dia 1º de outubro (um domingo, às 20:42), durante o plantão judiciário do desembargador Luiz Fernando Lima, do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).

Horas depois, o pedido de prisão domiciliar foi revogado pelo desembargador Julio Travessa, da 2ª CÂMARA CRIMINAL – 1ª TURMA, atendendo o recurso interposto pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), através do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco). No entanto, era tarde demais, Dadá já havia sido liberado do presídio de segurança máxima onde estava cumprindo a pena no Estado de Pernambuco e não foi mais encontrado.

Segundo uma fonte do Portal A TARDE, o pedido para que o traficante cumprisse a prisão de forma domiciliar foi inicialmente solicitado a Justiça Pernambucana, porém, ela se julgou incompetente para proferir a decisão. Na Bahia, o pedido foi aceito. Nos bastidores, a informação é de que a decisão causou revolta entre as forças policiais.

O argumento utilizado foi que Dadá é pai de um menor “portador do TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO NÍVEL 3 (CID F84.0) e completamente dependente da figura paterna”.

Não foi a primeira vez que o, agora foragido, usou esse argumento para escapar da prisão. Em setembro de 2022, quando se encontrava preso em um complexo presidiário na Bahia, a defesa dele solicitou e sua prisão foi convertida domiciliar, porém, ele aproveitou o benefício para escapar.

Em setembro deste ano, o criminoso foi preso durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na BR 232, em Sertânia, Pernambuco. Ele estava com um veículo SW4 Diamond, avaliado em mais de R$ 400 mil e tinha um mandado de prisão em aberto emitido pelo Juízo da Vara dos Feitos Relativos a Delitos Praticados por Organização Criminosa da Comarca de Salvador.

Após sua prisão, a Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SEAP) em conjunto com a Força de Cooperação Penitenciária (FOCOPEN), por meio das polícias Penais da Bahia e Pernambuco, além da Polícia Federal e a Secretaria Nacional de Politicas Penais (SENAPPEN), solicitaram que ele e um outro velho conhecido da Justiça, Val Bandeira, número 1 do Comando Vermelho (CV) na Bahia, fossem isolados no Presídio de Itaquitinga 2 – unidade de regime disciplinar diferenciado, em Pernambuco. O pedido foi feito para evitar que os dois, mesmo atrás das grades, continuassem comandando ações criminosas das facções.

Quem é “Dadá”

Natural de Irecê, Dadá é um dos fundadores do BDM, ao lado de ‘Zé de Lessa’, morto em 2019 no estado de Mato Grosso do Sul. Ele chegou a ser um alvo prioritário da Operação Tarja Preta, da Polícia Federal, PM baiana e Exército, em março desse ano, que resultou em 35 mandados de prisão nos estado da Bahia, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e Santa Catarina. Na ocasião, o líder do BDM não foi encontrado. Ele é investigado por vários crimes como homicídios, tráfico de drogas, tráfico de armas de fogo, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

O Portal A TARDE procurou o Tribunal de Justiça para comentar a decisão. Em nota, o Poder Judiciário disse que “Em observância ao quanto estabelece o art. 36, inciso III, da Lei Orgânica da Magistratura – LOMAN e o Código de Ética da Magistratura, o Poder Judiciário do Estado da Bahia (PJBA), não emite qualquer opinião sobre processos em andamento, processos pendentes de julgamento. O pronunciamento ocorre nos autos”.