São Paulo: Cabeleireiro é investigado por dizer ‘não contratar preto, gorda e viado’ 

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Um cabeleireiro é investigado por injúria após gravar áudios ofendendo negros, homossexuais e pessoas acima do peso. Diego Beserra Ernesto, dono de um salão em São Paulo enviou as mensagens para Jeferson Dornelas, 49, que sublocava uma parte do comércio para atender suas clientes.

Jeferson, que é um homem negro, conta que uma profissional escolhida para uma vaga de assistente de cabeleireiro recusou o emprego um dia depois de ser aprovada. Ele lamentou o “não” em conversa com o colega, mas se surpreendeu com as respostas preconceituosas. Semanas depois, ao contar para a mulher sobre o caso, descobriu que ela recusou o trabalho já devido ao comportamento de Diego.

“Eu coloquei uma regra para mim, eu não te enxergo dessa forma, não se ofenda, mas eu não contrato gordo, eu não contrato petista e eu não contrato preto, você está entendendo? No caso da mulher tem duas coisas: gorda e preta. Ela não cuida nem do próprio corpo, como vai ter responsabilidade na vida? Não tem”, disse Diego Beserra.

Em conversa com Jeferson, que estava de costas para o colega durante a entrevista, a assistente de cabeleireiro contou que no dia da entrevista o dono do salão “fez caras feias” e “a olhou com desprezo”. Nos áudios enviados ao colega, o próprio Diego não escondeu desprezo pela aparência da mulher e aproveitou para tecer comentários homofóbicos.

“Às vezes essas meninas que usam cabelos curtos são feministas, a gente não sabe, não estou generalizando, mas tem uma grande probabilidade, e feminista é um saco, você não pode falar nada. Esqueci de falar, mano, eu não contrato mais ‘veado’, principalmente ‘veado’, mas nem f*dendo, só se a pessoa estiver mentindo”, afirmou ele.

Após a repercussão do áudio, Diego pediu desculpas. O caso foi inicialmente divulgado nas redes sociais de Jeferson, que abriu um Boletim de Ocorrência em 23 de janeiro, cerca de dez dias depois de receber as mensagens. O cabeleireiro diz que conviveu com o dono do salão por cerca de um ano e que já tinha ouvido comentários inapropriados, preferindo aconselhá-lo. Agora, a relação foi rompida e o profissional já trabalha em outro local. (Uol)