Nesta segunda-feira (06), completam-se já oito dias de protesto realizado por onze comunidades do interior de Sento Sé, que se manifestam contra a ação de mineradoras que afetam a qualidade de vida na região. Os manifestantes bloquearam desde o último dia 30/01, a estrada que liga a sede do município de Sento Sé à comunidade Ponta D’Água.
A população das comunidades tradicionais protestam contra as condições da estrada, prejudicada pelo grande fluxo de carretas da Empresa Tombador Iron Mineração. Os ribeirinhos denunciam ainda os impactos causados pela extração e transporte do minério de ferro, a exemplo da poeira, destruição ambiental, riscos de acidentes e interferência no jeito de viver das comunidades.
Com diversas faixas, os moradores exigem urgentemente o asfalto da estrada e o cumprimento dos direitos territoriais. A Comissão Pastoral da Terra (CPT), Pastoral social da Diocese de Juazeiro, e a Paróquia de Sento Sé apoiam os moradores em sua manifestação.
“Quando chove, atola, quando tá seco é a poeira horrível”, explica Dona Maria Rosa Cruz, de 59 anos. Segundo a moradora, desde 2020, com o início do funcionamento da Tombador Iron Mineração, a população do território não têm mais um minuto de sossego. Faça sol ou chuva, todos dias, dezenas de carretas que transportam o minério de ferro da empresa passam pelo trecho da BA-210, que liga onze comunidades à sede do município, gerando inúmeros transtornos.
Seu Raimundo Nonato, de 65 anos, da comunidade Limoeiro, teve que se desfazer da sua criação de gado. “Minha roça é aqui na beira da estrada, fui obrigado a vender minha criação porque não tinha mais como eles beberem água e eu fiquei sem nada. Só estamos sendo prejudicados”, relata.
O objetivo principal da manifestação é conseguir o asfaltamento da via, com cerca de 100 quilômetros de extensão.
No último domingo (05) o vigário da Paróquia de Sento Sé, Pe. Claudomiro Alves celebrou a Santa Missa no local da manifestação, com a presença de agentes da CPT, em apoio aos moradores.