Rombo nas Lojas Americanas: entenda a crise na empresa

0
9

Em menos de uma semana, a Americanas trocou de presidente, viu suas ações despencarem na Bolsa e teve que recorrer à Justiça para evitar a execução antecipada de dívidas. E agora pode estar prestes a enfrentar uma batalha judicial com os bancos.

Mas o que desencadeou a crise de uma das maiores varejistas do país, que tem como acionistas de referência os bilionários da 3G Capital – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira?

Na noite da quarta-feira, dia 11 de janeiro, a Americanas informou ter encontrado “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões nos balanços de 2022 e de anos anteriores. O problema ocorreu com uma operação comum no varejo, chamada de “risco sacado”.

Nesse tipo de operação, a companhia pega financiamento com um banco para compra de material de fornecedores. O banco antecipa os recursos para o fornecedor. Na sequência, a varejista quita a dívida com a instituição financeira pagando juros pelo prazo do empréstimo. O problema é que isso não foi devidamente reportado no balanço. O erro pode aumentar o grau de endividamento da companhia e dá margem, de acordo com cláusulas contratuais, à cobrança antecipada de dívidas.

Em agosto, a Americanas anunciou que Sergio Rial assumiria o comando da empresa a partir de janeiro. O nome do executivo atraiu investidores, que apostavam suas fichas de que, sob sua gestão, a companhia pudesse dar uma guinada nos negócios.

Mas, com a descoberta das “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões praticadas antes de sua chegada, Rial anunciou na noite de quarta-feira, dia 11, que renunciaria ao cargo apenas nove dias depois de assumir. Ele passou a trabalhar como assessor do trio de acionistas de referência da Americanas, os bilionários da 3G Capital, em busca de uma solução para o imbróglio. Também foi anunciada a criação de um comitê independente para averiguar o que causou o erro nos balanços.

No lugar de Rial, assumiu interinamente o diretor de Recursos Humanos, João Guerra. Segundo a Americanas, o executivo não estava envolvido anteriormente na gestão contábil ou financeira da empresa.

Com informações tornadas públicas na noite de quarta-feira, as ações da Americanas desabaram 77,3% no pregão de quinta-feira e fecharam a R$ 2,72. Foi a maior queda já registrada por uma empresa no Ibovespa, índice de referência dos investidores, desde 1994, segundo o Valor Data.

Investidores começaram a cobrar que a empresa passe por uma capitalização. Isso poderia feito por meio de uma oferta subsequente de ações (follow-on), com garantia de compra dos papéis a ser dada pelo trio da 3G, que tem fatia de 31,13% no negócio. A questão é definir qual seria o tamanho do aporte considerado satisfatório para acionistas e credores.