Nelson Barbosa assume nesta segunda-feira (21), oficialmente, o comando do Ministério da Fazenda ciente de que terá de lidar com uma economia em colapso. Esse retrato cruel lhe foi apresentado por uma série de técnicos — vários deles, da equipe de seu antecessor, Joaquim Levy —, com os quais se reuniu nos últimos dois dias para se inteirar da real situação do país.
Barbosa ouviu que há uma onda de quebradeira de empresas, crédito com queda real de 4% a 5%, retração brutal da indústria e dificuldades enormes para o governo cumprir a meta de superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016. Nos diagnósticos traçados pelos técnicos, ficou claro que o governo é o principal responsável pelos graves problemas enfrentados pelo país. O excesso de subsídios e de incentivos fiscais dados ao setor produtivo e aos consumidores desde o estouro da crise mundial em 2008 viciou a economia.
Com a mudança radical imposta por Levy, fechando todas as torneiras de uma única vez, a atividade foi asfixiada. Na avaliação dos técnicos, a política conduzida pelo ex-ministro só teria sucesso se ele tivesse apoio total do governo e do Congresso, o que não se verificou. Barbosa indicou, nas conversas, que o compromisso com o ajuste fiscal está mantido e que haverá sacrifícios por parte do governo, mesmo que em dosagem menor que a prescrita por Levy, para entregar o superavit primário (economia para o pagamento de juros da dívida) de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016. O caminho a ser seguido pelo novo ministro da Fazenda está definido num trabalho intitulado Principais desafios macroeconômicos de 2015-18, de 2014, no qual ele define os “12 trabalhos fiscais”.
Os consumidores devem se preparar, assim como os servidores públicos. Barbosa avisou que manterá a política de reajuste das tarifas de energia e dos preços dos combustíveis, ou seja, não há como o Tesouro Nacional voltar a subsidiá-los. Ele promete reduzir a folha de pagamento do funcionalismo em proporção do PIB. Isso significa que os concursos para 2016 estão praticamente suspensos e vagas que forem abertas não serão preenchidas. Também haverá diminuição dos gastos com transferências de renda (incluindo o Bolsa Família) em relação às riquezas produzidas pelo país. (Correio Braziliense).