Representantes de banqueiros e bancários vão se sentar à mesa de negociações na manhã da próxima sexta-feira (25) para tentar fechar o reajuste da categoria, cuja data-base é 1º de setembro. Os trabalhadores cobram uma correção de 16%, dos quais 5,7% de aumento real. No ano passado, o ganho acima da inflação foi de 2,02%. Se a oferta não agradar, os trabalhadores podem parar suas atividades já na semana que vem.
Para Roberto von der Osten, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), a correção salarial para recuperar as perdas da inflação é uma obrigação dos bancos. Já o ganho real, segundo ele, é totalmente possível, uma vez que o setor cresce apesar do momento econômico difícil do país.
“Não estamos falando de um setor em crise, mas de muita pujança. Gostaria muito que não houvesse sequer a possibilidade de greve. A responsabilidade está nas mãos dos banqueiros. Se os bancos assumirem uma posição de intransigência ou provocação, pode haver greve. Não repor a inflação é inimaginável. Acho que o setor poderia atender tudo perfeitamente. Mas estou esperançoso pois uma greve teria reflexo em vários setores”, afirmou Von der Osten.
Já a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) disse em nota esperar que a contraproposta para as cláusulas econômica, que será apresentada na sexta-feira, “seja suficiente para fechar um acordo e encerrar a campanha salarial”.
Van der Osten explicou que, depois de conhecer a contraproposta da Fenaban, os trabalhadores vão decidir se aceitam os termos, se haverá novas negociações ou se o setor para.
“Não banalizamos a greve. Mas a resposta pode ser dura. Vamos conhecer a contraproposta para decidir oq ue fazer na semana que vem”.
De janeiro a junho, destaca a Contraf, o lucro líquido de Banco do Brasil, Caixa, Bradesco, Itaú-Unibanco e Santander somou R$ 36,1 bilhões, uma alta de 27,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Os cinco maiores bancos do país também ganharam R$ 109,6 bilhões com receitas de títulos no primeiro semestre, um crescimento de 59% ante igual período de 2014, pois as instituições financeiras são as principais detentoras dos títulos da dívida pública e ganham quando sobe a taxa Selic, que está em 14,25% ao ano.
A elevação da taxa básica de juros, de acordo com a confederação, também faz com que subam também as taxas de juros cobradas dos clientes, como a do cartão de crédito e do cheque especial. Em agosto, de acordo com dados do Banco Central divulgados nesta quarta-feira, a taxa de juros do cheque especial passou de 246,9% para 253,2% ao ano — a maior desde de 1995, quando o BC mudou a metodologia de cálculo. Já a média dos juros cobrados pelos bancos das pessoas físicas em financiamentos com recursos livres subiu de 59,8% para 61,2% ao ano. É a maior desde o início da série histórica, que começou em 2011.
A pauta de reivindicações dos bancários foi entregue à Fenaban em 11 de agosto. E os dois lados já se reuniram quatro vezes desde então para discutir emprego, saúde, segurança, condições de trabalho e igualdade de oportunidades e remuneração — este item foi debatido nos últimos dias 16 e 17. De 2004 a 2014, a categoria conseguiu aumento real acumulado de 20,07%.
Entre as reivindicações estão também participação nos lucros referente a três salários mais R$ 7.246,82, um piso salarial de R$ 3.299,66, 14º salário, fim de metas consideradas abusivas, ampliação das contratações e mais segurança nas agências bancárias. (NE10).