A degradação e o uso irracional da água estão colocando em risco uma das belezas naturais mais importantes do município de Sento-Sé, a fonte termal da Cabeça D`água, mais conhecida como fonte do Limoeiro da Batateira. Até a década de 70, o riacho salobro jorrava suas águas a uma distância de 10 km, no local denominado Monte Alto, hoje o seu volume está reduzido a apenas 4 km; piscinas naturais profundas desapareceram; espécies aquáticas foram extintas e aos poucos o riacho do Limoeiro está morrendo. As nascentes que deveriam ser protegidas são asfixiadas por bombas elétricas; tapagens, assoreamento e plantações no leito do córrego obstruem a passagem da água, impedindo o seu curso; produtos químicos e dejetos são lançados indiscriminadamente, poluindo as vertentes.
Por mais de dois séculos, os moradores retiraram a água para o consumo humano diretamente da fonte. O vale do Limoeiro é um grande pomar, coberto por mangueiras centenárias, coqueiros gigantes, goiabeiras, canaviais, carnaubeiras, quixabeiras, juazeiro; e abriga espécies ameaçadas como: o João de Barro, Sofreu, Casaca de Couro, Asa Branca, Azulão, Pêga, Pássaro Preto, periquitos, Andorinhas, Bem-te-vis, falcões, pica-paus e rolinhas.
O oásis no meio da caatinga é habitado há mais de 300 anos, e desde os seus primórdios vem sofrendo com a degradação do homem. Os primeiros desbravadores do território surgiram por volta de 1700, procedentes do Piauí, os quais ali se estabeleceram formando lavouras de cana, instalando engenhos rapadureiros e fundando a feitoria Cabeça D`água, em homenagem à nascente de água quente. O solo de massapê é úmido e denso, próprio para as culturas orgânicas. De uma beleza rara e exuberante, o espaço natural sempre foi abundante em água e alimentos.
O uso inadequado dos recursos naturais vem provocando um desequilíbrio ambiental preocupante, por isso, um grupo de moradores acionou o Ministério Publico do estado da Bahia e a prefeitura municipal, solicitando intervenções no sentido de que sejam adotadas ações de proteção ambiental. De acordo com o grupo, já foi procedida uma investigação pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, com o apoio da Polícia Militar, que Irá apontar a veracidade das denuncias. A administração municipal aguarda o posicionamento do Ministério Público para realizar ações efetivas como: limpeza, desobstrução e drenagem dos canais; palestras educativas; proibição de atividades degradantes e fiscalizações constantes. (Ascom).