As eleições de meio mandato presidencial – as chamadas midterms – terminaram com um recorde de mulheres sendo escolhidas para ocupar assentos no Congresso americano. A projeção é de que pelo menos cem mulheres ocuparão assentos na Câmara dos Deputados -o que ainda significaria menos de 25% do total de 435 disponíveis.
Até a manhã desta quarta-feira (7), 92 haviam vencido as disputas das quais participaram. O resultado é um marco, considerando que as mulheres nunca tiveram mais que 84 cadeiras na Casa. Várias mulheres quebraram barreiras nestas eleições. Em Nova York, Alexandria Ocasio-Cortez recebeu 78% dos votos em seu distrito e se tornou a mais jovem a ser eleita para o Congresso americano.
Rashida Tlaib, em Michigan, e Ilhan Omar, em Minnesota, serão as primeiras mulheres muçulmanas a ocupar um assento congressional. Em Massachusetts, Ayanna Pressley se tornou aprimeira negra a ocupar um assento pelo estado na Câmara dos Deputados, enquanto, no Tennessee, Marsha Blackburn será a primeira mulher a representar o estado no Senado.
Sharice Davids e Deb Haaland serão as primeiras indígenas eleitas ao Congresso -pelo Kansas e pelo Novo México, respectivamente. Já o Texas enviou as primeiras hispânicas do estado a Washington: Veronica Escobar e Sylvia Garcia. A Pensilvânia, que não tinha mulheres em sua representação no Congresso, elegeu quatro nas midterms. E em Iowa, Abby Finkenauer e Cindy Axne conquistaram assentos na Câmara que, antes, pertenciam a republicanos.
As mulheres também fizeram história em outras esferas de poder. A Dakota do Sul terá sua primeira governadora, Kristi Noem, assim como o Maine, que elegeu Janet Mills. No Kansas, a democrata Laura Kelly derrotou, por uma margem estreita, o conservador republicano Kris Kobach. É uma vitória de relevo, porque o estado é considerado reduto do partido do presidente Donald Trump.
Michelle Lujan Grisham e Gretchen Whitmer conquistaram, respectivamente, os governos do Novo México e de Michigan. A partir de 2019, haverá mais mulheres democratas que republicanas no Congresso americano. A diferença partidária no quesito gênero, que já havia ficado evidente no número maior de democratas concorrendo a um assento no Congresso, deve ficar ainda maior, estima Kelly Dittmar, do Center for American Women and Politics da Universidade Rutgers.
Em mensagem em uma rede social, ela escreveu que, apesar de um ganho de um ou dois assentos no Senado – o Arizona, onde duas mulheres disputam o assento, ainda é dúvida- , a representação de mulheres republicanas no Congresso vai diminuir em 2019. “Então o trabalho não para aqui. Nunca que resolveríamos o problema de baixa representação de mulheres em um único ano”, afirmou. A disputa já havia sinalizado uma distância entre os partidos: do lado democrata, 43% dos candidatos eram mulheres, ante 13% no espectro republicano. (Folha PE)