Luto: Patrimônio do futebol brasileiro, Zagallo morre aos 92 anos

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Um dos maiores vencedores do futebol brasileiro, Mario Jorge Lobo Zagallo morreu nesta sexta-feira (5), aos 92 anos. Tetracampeão do mundo (como jogador em 1958 e 1962, como técnico em 1970 e como auxiliar técnico em 1994), Zagallo faleceu por falência múltipla de órgãos, às 23h41 (horário de Brasília), no Hospital Barra D’Or, na zona oeste do Rio de Janeiro, onde estava internado desde o dia 26 de dezembro.

Um dos patrimônios do esporte nacional, o Velho Lobo teve sua trajetória profissional marcada por várias conquistas e muitas histórias, especialmente ligadas à sua “superstição” com o número 13.

‘O FORMIGUINHA’ E BICAMPEÃO DO MUNDO

Nascido em Maceió (AL), Zagallo iniciou sua carreira como ponta-esquerda em 1948, no América, do Rio de Janeiro. Em seguida, o “Formiguinha” transferiu-se para o Flamengo, onde marcou época pela primeira vez como jogador, ao fazer parte da conquista do primeiro tricampeonato carioca do clube, em 1953, 1954 e 1955, e ficou até 1958. Logo depois, mudou de ares, mas seguiu nos gramados do Rio de Janeiro

Com a camisa do Botafogo, fez parte de um novo esquadrão que marcou época, jogando ao lado de nomes como Nilton Santos, Didi e Garrincha. O trio seria seu companheiro em um sonho ainda maior: convocado para a Copa de 1958, na Suécia, Zagallo iniciou seu longo período de conquistas com a Seleção Brasileira da geração de Pelé e Vavá.

Campeão carioca de 1961 e 1962 e do Rio-São Paulo de 1962 com o Botafogo, Zagallo voltou a ser convocado para uma Copa do Mundo. Quatro anos mais velho, o ponta-esquerda conquistou mais um título, no Chile. Encerrou a carreira em campo três anos depois, mas seguiu ligado ao futebol.

CAMPEÃO DA COPA COMO TÉCNICO E AUXILIAR

Um ano após pendurar as chuteiras, Zagallo foi chamado para comandar o Alvinegro, onde venceu dois Cariocas e a Taça Brasil de 1968. Porém, voltaria a encontrar a Seleção Brasileira: depois da demissão polêmica do treinador João Saldanha. Na Copa do Mundo de 1970, com uma formação em 4-3-3, o Velho Lobo fez o Brasil de Pelé, Tostão, Gerson, Rivellino, Jarzinho e Carlos Alberto Torres levar o tricampeonato no México.

O título o manteve no cargo de treinador da Seleção. Porém, a busca pelo tetracampeonato demorou um longo tempo. Em 1974, na antiga Alemanha Ocidental, o Brasil, que mesclava Jairzinho e Carlos Alberto Torres a nomes como Leão, Zé Maria e Dirceu, foi desbancado nas semifinais pela Holanda. A Laranja Mecânica, capitaneada por Johan Cruyff, bateu os então campeões mundiais por 2 a 0. Na decisão do terceiro lugar, a equipe verde-amarela foi derrotada pela Polônia por 1 a 0, com gol de Lato.

Apesar do fim de sua primeira passagem no comando da Seleção, Zagallo seguiu sua carreira como técnico, e com êxito. Seu currículo traz as conquistas dos Cariocas em 1971 com o Fluminense e em 1972 com o Flamengo, além de um título saudita com o Al-Hilal. O “Velho Lobo” ainda treinou as seleções do Kuwait e Emirados Árabes, Botafogo (por duas vezes), Vasco (por duas vezes) e Bangu.

Porém, seu destino cruzou novamente com a Seleção Brasileira. Em 1994, foi auxiliar técnico de Carlos Alberto Parreira e, durante a conquista do tetra nos Estados Unidos, ficou marcado por suas contagens regressivas para o título que trouxe nomes como Romário, Bebeto, Dunga e Taffarel, além de voltar a ficar em evidência sua folclórica superstição com as 13 letras.

Nos últimos anos, Zagallo sofreu com uma série de problemas de saúde. No último dia 9, o tetracampeão do mundo tinha completado 92 anos e recebeu homenagens tanto da CBF quanto de clubes, entidades e pessoas ligadas ao futebol.