Dois dos quatro presos no último domingo (22) por suspeita de tentarem fraudar a prova do concurso da Polícia Militar do Ceará disseram em depoimento que pagariam R$ 20 mil a uma pessoa em caso de aprovação.
Os pernambucanos Jadson Jesser Xavier da Silva, Antônio Lucas Pessoa da Silva e Felipe de Oliveira Peixoto, capturados na cidade de Iguatu, no interior do Ceará, tiveram a liberdade provisória concedida em uma audiência de custódia nesta segunda-feira (23).
A soltura do trio foi autorizada mediante pagamento de fiança de R$ 20 mil para cada, além do cumprimento de medidas cautelares, como comparecimento trimestral para justificar suas atividades, proibição de acesso às escolas ou quaisquer outros estabelecimentos que estejam sediando certames públicos e proibição de contato com os demais custodiados.
De acordo com o auto de prisão em flagrante, os policiais militares que vistoriavam o concurso foram alertados por uma fiscal que um aparelho celular havia sido encontrado no banheiro da escola onde estava sendo aplicada a prova.
No local informado, os agentes viram o celular coberto de cola, acondicionado embaixo do cesto de lixo do banheiro. O aparelho estava desbloqueado; ao acessar o celular, os militares encontraram a foto de um crachá da escola Pedro Leão, em São José de Belmonte, em Pernambuco.
Diante disso, realizaram um levantamento de quais alunos advindos de Pernambuco estavam no referido colégio de aplicação das provas e constataram que, embora o levantamento indicasse mais alunos, somente Jadson Jesser compareceu ao certame.
O candidato foi vistoriado e os policiais verificaram que por baixo da camisa dele estava cheio da substância cola, a mesma que estava no aparelho celular.
Ainda conforme ao auto de prisão, ao ser indagado, Jadson afirmou ter visto o aparelho celular no banheiro, mas não lhe pertencia. Ele relatou ainda aos policiais que veio de van e, durante seu trajeto à Iguatu, foi ameaçado por pessoa, cujo nome não indicou, que lhe orientou a deixar o aparelho celular no banheiro.
Na ocasião, Jadson admitiu aos policiais militares está utilizando ponto eletrônico de comunicação em seu ouvido. Devido ao tamanho e por estar muito profundo no ouvido, o homem precisou ser levado para ser periciado pela perícia Forense, para remover o equipamento.
No veículo dele os policiais encontraram uma camisa com mais cola, aparelho celular, equipamento parecido com um roteador Wi-Fi de pequeno porte, baterias para transmissor, máscara, outros equipamentos, além das chaves de dois quartos em um hotel em Iguatu.
Após a captura de Jadson, os policiais militares fizeram campana no hotel e, por volta das 17h50, flagraram o momento que Felipe e Antônio Lucas chegaram aos quartos. Ao serem abordados, os dois homens também confessaram que estavam utilizando ponto eletrônico.
Os três homens foram levados a delegacia. Em depoimento, Lucas disse aos policiais que chegou a ir fazer a prova, no entanto, quando estava dentro do colégio, desistiu e retornou ao hotel onde estava hospedado, deixou o ponto e saiu novamente. Ao retornar, já encontrou os militares no local.
Ainda conforme o relato de Lucas, há cerca de 15 dias uma pessoa entrou em contato com ele para vender o gabarito da prova, pela quantia de R$ 20 mil. O valor seria pago apenas quando o candidato conseguisse a aprovação no certame. Ele aceitou a oferta, mas não chegou a fazer a prova, pois “ficou com medo”.
Felipe fez um relato parecido com o de Lucas, que uma pessoa entrou em contato oferecendo o serviço de ponto eletrônico de escuta para receber informações do gabarito. O homem alegou que no dia da prova um homem lhe entregou um ponto eletrônico e uma máscara azul tipo N95, onde havia um microfone. O combinado era que ele também pagasse R$ 20 mil quando aprovado.
O suspeito chegou a fazer a prova e quando retornou ao hotel onde estava hospedado foi abordado pelos policiais.
Já Jadson, flagrado no local de prova, admitiu usar um ponto eletrônico, mas não confirmou participar do esquema de pagamento. O trio foi autuado por fraude e associação criminosa.