Com R$ 43 bilhões em dívidas, Americanas pede recuperação judicial em caráter de urgência

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A Americanas entrou com pedido de recuperação judicial nesta quinta-feira (19) no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O pedido foi feito em caráter de urgência.

A empresa informou que o valor total de sua dívida é de cerca de R$ 43 bilhões e conta com 16.300 credores. A lista desses credores será apresentada em 48 horas.

A empresa afirmou que pretende apresentar o plano de recuperação em 60 dias, que é o prazo previsto em lei.

A Americanas pediu ainda à Justiça autorização para capitalizar a AME, um dos maiores vetores de renda da varejista, especialmente por se tratar de uma instituição financeira.

Mergulhada em uma crise iniciada há uma semana, desde a divulgação de inconsistências contábeis no valor de R$ 20 bilhões no balanço de 2022 e anos anteriores, o que levou o endividamento da empresa a superar R$ 40 bilhões, a Americanas vinha tentando negociar um acordo com os credores que pudesse evitar o pedido de proteção à Justiça.

No último dia 13, a companhia obteve na Justiça uma medida cautelar protegendo a varejista contra a cobrança de dívidas antecipadas por seus credores por um período de 30 dias.

A medida, contudo, retroagiu ao dia 11, quando o problema financeiro foi anunciado. E isso disparou uma grande disputa entre a Americanas e seus credores financeiros pelo caixa da empresa. BTG Pactual, Banco Votorantim, Bank of America, Goldman Sachs entraram na Justiça contra a decisão, seguidos de Bradesco e Itaú nesta quinta-feira.

Quanto pediu a cautelar à Justiça no dia 13, a empresa afirmou contar com R$ 8 bilhões em caixa, frisando que se os credores pudessem executar dívidas antecipadamente, isso inviabilizaria a continuidade das operações, empurrando a companhia para um pedido de recuperação judicial.

O que seu viu, na sequência, foi uma queda de braço entre a companhia e os bancos credores. Com pressões vindas das duas partes. Decisão em favor do BTG Pactual, derrubou a exigência de que dívidas liquidadas entre os dias 11 e 13 tivessem de ser devolvidas a Americanas.

Com isso, somente em valores referentes a cobrança feita pelo BTG, R$ 1,2 bilhão deixaram de ser restituídos ao caixa da Americanas.

Os bancos seguiram pressionando por um aporte feito pelo trio de acionistas de referência da companhia – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, do 3G Capital. O valor desse aporte variava entre R$ 6 bilhões e R$ 21 bilhões, segundo fontes de mercado.