Ao menos oito jornalistas são agredidos e tiveram equipamentos roubados por manifestantes em Brasília

0
2

Ao menos oito jornalistas foram agredidos e tiveram equipamentos destruídos ou roubados pelos manifestantes que invadiram os prédios dos Três Poderes no domingo (8) em Brasília. Seis destes casos de profissionais agredidos fizeram relatos ao Sindicato da categoria. O Globo presenciou na Praça dos Três Poderes a agressão a uma profissional, que só foi liberada após a intervenção de seguranças do Ministério da Defesa.

A repórter agredida se apresentou como jornalista da revista New Yorker. Ela foi cercada por um grupo de terroristas, agredida com chutes e caiu no chão. Seus equipamentos foram tomados pelos terroristas. Além da agressão física, ela foi bastante hostilizada. Gritos de “filha da puta” e “vagabunda” eram correntes, enquanto ela tentava se explicar. Poucos terroristas pediram calma, para ouvi-la, até que um segurança chegou e aos gritos de ‘acabou, solta ela’ conseguiu levá-la para outro lugar em segurança

Ao Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, foram feitos outros sete relatos de agressão. O mais grave é de um repórter do jornal O Tempo, que relatou ter sido agredido por vândalos que chegaram a apontar uma arma de fogo para ele no Congresso.

Os fotógrafos e cinegrafistas foram mais visados. Um repórter da TV Band teve o celular destruído enquanto filmava os atos. Os repórteres das agências France Press (AFP) e Reuters tiveram equipamentos, celulares e material de trabalho roubados. Um deles foi agredido. Uma jornalista do portal Brasil 247 foi ameaçada pelos vândalos e apagou os registros feitos no celular.

O fotógrafo Pedro Ladeira, da Folha de S.Paulo, foi cercado e agredido pelos terroristas, que roubaram seu equipamento. À Folha, ele relatou que enquanto era agredido teve os equipamentos roubados – uma câmera Canon DX e uma lente.

Uma fotojornalista do portal Metrópoles foi agredida por dez homens, com socos e chutes. Ela teve pertences e equipamentos roubados enquanto cobria o início da invasão ao Congresso.

Em nota, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiaram os atos e a violência contra os profissionais de imprensa e criticaram a atuação das forças de segurança.

“Todos os acontecimentos em curso são resultado da inoperância do governo do Distrito Federal, de setores da segurança pública e Forças Armadas, que permitiram a escalada da violência e se mostraram coniventes com os grupos golpistas, que não respeitam o resultado das eleições, a Constituição e a democracia”, disseram.

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em nota, repudiou os atos de terrorismo e vandalismo e também criticou a atuação das forças de segurança. “A Associação Brasileira de Imprensa repudia com veemência tais atos de terrorismo e vandalismo e lamenta que as forças policiais e de segurança não tenham agido para impedir tais violências contra o patrimônio público e a democracia. As autoridades do GDF foram ausentes, para não dizer coniventes”, diz a nota.