A menos de uma semana da posse, o entendimento da equipe de segurança do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é de que ele não deve desfilar em carro aberto no próximo domingo na Esplanada dos Ministérios.
O entorno do petista, no entanto, resiste a ideia de Lula percorrer o trajeto em carro blindado e defende que se mantenha a tradição da posse. O próprio presidente eleito deverá se opor a recomendação da Polícia Federal.
Para policiais da equipe de segurança, a bomba encontrada no aeroporto de Brasília no sábado influencia neste planejamento, que é dinâmico e se molda conforme o cenário. A avaliação é de que com o cenário de hoje, Lula deve utilizar o carro blindado.
Caberá ao presidente eleito decidir. Policiais preparam análises técnicas para apresentar as duas possibilidades a Lula: os riscos de fazer o trajeto com carro aberto e a possibilidade o percurso ser feito em carro blindado.
Se for feito com carro aberto, o trajeto na Esplanada inicia na Catedral de Brasília vai até o Congresso e do Congresso segue até o Palácio do Planalto.
Policiais federais que trabalham na proteção do presidente eleito já tinham identificado o risco antes do episódio da bomba no aeroporto de Brasília e incluíam este tipo de ameaça no planejamento.
Outra dúvida quanto ao trajeto de Lula é a de que, se ele optar por fazer em carro aberto, o Rolls Royce presidencial será usado ou não. Em coletiva de imprensa, a primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, afirmou que o veículo estaria com o banco danificado, o que, segundo ela, teria ocorrido na posse de Jair Bolsonaro (PL) em 2018.
Será necessário, portanto, verificar as condições do carro para ver se haverá condições de Lula utilizá-lo para desfile em carro aberto. A Polícia Federal também fará uma inspeção no veículo nesta semana. O objetivo dos agentes é oferecer todas as possibilidades para que Lula decida.
O entorno de Lula acredita que, mesmo com a recomendação da PF, Lula não aceitará desfilar carro blindado pelo perfil popular da festa e pelo desejo do próprio presidente eleito de percorrer o trajeto próximo às pessoas que estarão na Esplanada.
Outro ponto levantado é de que o desfile nestes moldes faz parte da tradição das posses e de que é preciso confiar na organização das polícias e nos monitoramentos de inteligência.
O entendimento é de que as ações terroristas são amadoras e que o esquema de segurança que vem sendo preparado será profissional, reforçado, com atiradores de elite e agentes infiltrados entre o público. Petistas também estão empenhados a não deixar que o clima de medo desmobilize a militância — são esperadas 300 mil pessoas na posse de Lula.