Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (8), o grupo técnico que discute temas relacionados a Minas e Energia na transição anunciou que o governo de Jair Bolsonaro deixou uma conta de R$ 500 bilhões para o consumidor pagar nos próximos anos. O número inclui empréstimos feitos a distribuidoras de energia durante a pandemia e despesas relacionadas à crise hídrica e a contratações obrigatórias de termelétricas.
“Ficamos meio assustados com o diagnóstico que encontramos no setor, especificamente no setor elétrico. Uma série de ações feitas nesse atual governo vai deixar uma herança ruim para os próximos governos que terá que ser paga pelo consumidor de energia elétrica. E isso soma uma conta de R$ 500 bilhões, se trouxermos tudo para hoje em termos nominais, que terá de ser paga pelos consumidores”, disse o engenheiro Mauricio Tolmasquim, professor da Coppe/UFRJ e ex-secretário Executivo do Ministério de Minas e Energia, que integra a transição.
Segundo Tolmasquim, a conta abarca um gasto de R$ 368 bilhões gerado a partir da obrigação determinada pelo governo Bolsonaro de contratar termelétricas durante a pandemia e outros R$ 6,5 bilhões gerados por causa da escassez hídrica, por exemplo. A reserva de mercado para Pequenas Centrais Hidrelétricas, diz o professor, também causou um rombo de R$ 55 bilhões.
A equipe de transição garante, porém, que o repasse da conta a consumidores deverá ser amenizado.
“O governo Bolsonaro deixou uma conta enorme a ser paga pelos consumidores nos próximos anos, mas é claro que o ministro que assumir vai fazer todas as ações possíveis para reduzir essa conta para o consumidor. Não aceitamos isso como prato feito”, disse Tolmasquim.
Segundo ele, uma maneira de contornar a situação será rescindir contratos de compra de usinas emergenciais.
“Vamos sugerir ações para reduzir esse custo. As usinas emergenciais foram compradas, mas existe espaço para negociação. É possível rescindir os contratos das que não entraram no prazo”.
O GT que discute a área de Minas e Energia também afirmou que a transição pediu à Petrobras que suspenda todos os investimentos em andamento para que o novo governo analise a situação da estatal.
“A Petrobras está vivendo um modelo de empresa do século 20, enquanto todas as outras do mundo estão no século 21. A transição energética é inexorável”, disse Tolmasquim.