As terras indígenas brasileiras atuaram nas últimas três décadas como barreiras contra o avanço do desmatamento, apesar deste fenômeno ter se intensificado nos últimos três anos, revelou um estudo divulgado nesta terça-feira (19).
O Brasil perdeu 69 milhões de hectares de vegetação nativa nos últimos 30 anos, segundo o projeto MapBiomas, uma colaboração entre ONGs, como o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), universidades e startups.
Enquanto quase 70% da área desmatada se concentrou em territórios privados, apenas 1,6% do total – 1,1 milhão de hectares – correspondeu a terras indígenas.
“Os dados de satélite não deixam dúvidas que são os indígenas que estão retardando a destruição da floresta amazônica”, disse Tasso Azevedo, coordenador da MapBiomas.
“Sem seus territórios, a floresta certamente estaria muito mais perto de seu ponto de inflexão a partir do qual ela deixa de prestar os serviços ambientais dos quais nossa agricultura, nossas indústrias e cidades dependem”, acrescentou.
As terras indígenas ocupam 13,9% do território do Brasil e abrigam 109,7 milhões de hectares de vegetação nativa, quase a quarta parte do total do país.
A MapBiomas destacou que, apesar de ter atuado como um escudo contra o desmatamento, as terras indígenas estiveram mais ameaçadas nos últimos três anos.
Assim, o desmatamento se multiplicou em 1,7 nestes territórios em relação ao período 2016-2018, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais coletados pela MapBiomas.