Univasf sediará Workshop sobre importância das abelhas para a economia do Vale do São Francisco

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O Centro de Conservação e Manejo da Caatinga (Cemafauna Caatinga), da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), realizará o Workshop Abelhas e Produção Agrícola: a Bioeconomia do Vale do São Francisco, no dia 21 de janeiro. O evento irá reunir criadores de abelha, produtores de mel, agricultores, extensionistas e pesquisadores para discutir as próximas etapas da pesquisa que investigará a sensibilidade das abelhas aos pesticidas comumente utilizados na região. O workshop será realizado das 8h às 17h, no auditório do Museu de Fauna da Caatinga, no Cemafauna, no Campus Ciências Agrárias (CCA), em Petrolina.

Este será o primeiro workshop a ser realizado durante os dois próximos anos, período de execução do estudo que está sendo desenvolvido na Univasf em parceria com a Universidade de Cardiff, do País de Gales, no Reino Unido, e colaboração do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), de Portugal; e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), de Campinas (SP). Estarão presentes no workshop os pesquisadores Nuno G. C. Ferreira, Pablo Orozco-terWengel e Carsten Müler, da School of Biosciences, da Universidade de Cardiff; e o professor Roberto Greco, do Instituto de Geociências do Departamento de Geografia, da Unicamp.

Também deverão participar do Workshop Abelhas e Produção Agrícola: a Bioeconomia do Vale do São Francisco representantes de entidades voltadas às políticas públicas e de fiscalização ambiental e fitossanitária municipais de Pernambuco e da Bahia; da Secretaria da Agricultura Familiar da Bahia, da Confederação Baiana de Apicultura e Meliponicultura; da Confederação Brasileira de Apicultura, além dos promotores do Ministério Público de Pernambuco e da Bahia.

O estudo sobre os problemas associados às interações entre as abelhas e a polinização dos cultivos agrícolas na região teve início em 2019, quando se verificou, por meio de laudo técnico, a presença de resíduos de pesticidas na cutícula (pele) de exemplares desses insetos coletados na região. A pesquisa entra agora numa segunda fase, na qual será feita uma análise da sensibilidade das espécies de abelhas nativas e não ativas a tipos específicos de pesticidas utilizados nas práticas agrícolas.

A bióloga Aline Andrade, que coordena a pesquisa no Cemafauna, explica que a presença dos pesticidas na cutícula das abelhas não é um indicativo conclusivo sobre a causa da morte dos animais. É necessário aprofundar os estudos para que se determine o que ocasionou a morte das abelhas. Com este intuito, serão realizados novos estudos no âmbito dos projetos intitulados “A buzz of silence: identifying native bee species sensitivity to pesticides in a high pollination dependent area” e “Beesnees – Diversity and dynamics of Atlantic bee resources in relation to climate and pesticide load: data for pollination management and sustainable agriculture”, que contarão com apoio de agentes financiadores da Europa.

O trabalho de pesquisa irá envolver coletas em campo em áreas de cultivo convencional, áreas com vegetação nativa e áreas de cultivo em sistema agroflorestal e orgânico. Além disso, serão realizados testes laboratoriais para investigação das respostas comportamentais das abelhas aos inseticidas a que estão submetidas no campo.

“Também serão realizados testes genômicos, que serão fundamentais para termos uma ideia da sensibilidade em relação à concentração dos princípios ativos e à resposta à mudança de comportamento ou letalidade das abelhas a um pesticida em especial”, relata Aline. De acordo com a bióloga, ao final do estudo, serão propostas alternativas para minimizar o impacto às populações de abelhas, caso a ação contaminante se confirme.

A pesquisa prevê a realização de um workshop a cada seis meses até maio de 2022, quando deverá ser concluída. O objetivo destes eventos é possibilitar o compartilhamento de informações sobre a pesquisa com a comunidade e contribuir para o planejamento das ações a cada nova etapa. “Os pesquisadores querem ouvir os agricultores e os representantes das comunidades e de órgãos ligados à apicultura e meliponicultura. O workshop é um foro importante para a realização do estudo”, frisa Aline.