A vacina contra a febre amarela vai ser oferecida nos postos de saúde de Pernambuco, para toda a população, sem necessidade de comprovação de viagem a áreas de risco, a partir de março. A inclusão do estado como área de recomendação foi anunciada pela Secretaria Estadual de Saúde em meio ao alerta provocado pela descoberta de 14 saguis mortos num condomínio em Aldeia, Camaragibe. Os moradores do residencial e de seu entorno já serão vacinados, de forma antecipada, a partir do sábado. A decisão foi tomada pelas autoridades de saúde do estado e do município.
A morte dos saguis está sendo investigada pela SES e pela Vigilância Ambiental do município. Seis animais foram encaminhados ao Departamento de Veterinária da UFRPE para passarem por necrópsia. Outros oito estavam em estado avançado de decomposição. As amostras foram enviadas ao Instituto Evandro Chagas, no Pará. O órgão averiguará o que pode ter provocado os óbitos. Entre as suspeitas estão o contágio de herpes, dengue ou febre amarela, além de envenenamento. O resultado sai em até 20 dias.
Os macacos não podem transmitir a doença a humanos – assim como nós, eles são contaminados por mosquitos – e matar os primatas é crime previsto em lei. Na manhã de ontem, representantes das coordenações estaduais e municipal de saúde se reuniram para orientar funcionários do condomínio. O diretor de vigilância em saúde de Camaragibe, Geraldo Vieira, informou que a última morte de macacos aconteceu em 2 de janeiro. “A transmissão da febre amarela é feita por mosquitos silvestres, aqueles encontrados em matas.”
Durante a reunião também foi definido que as equipes de vigilância ambiental distribuirão informativos sobre como proceder com os animais encontrados, as principais doenças que os afetam, como é feita a coleta dos animais doentes e/ou mortos e o que é feito com os que são recolhidos, além de explicar as formas de prevenção de doenças em humanos e realizar o controle de doenças transmitidas por animais.
“A campanha de vacinação contra a febre amarela já aconteceria em março. O fato de ter havido 14 óbitos provocou a antecipação porque a vacina é uma forma de prevenção. Vamos começar no perímetro onde ocorreram as mortes e cobrir todo o município. É importante ressaltar que não temos o vírus circulante. Esta é uma forma de prevenção já prevista no calendário vacinal nacional e estamos apenas adiantando o cronograma de forma preventiva”, esclareceu a coordenadora municipal de imunização, Maria José Neves.
De acordo com a Secretaria de Saúde do estado, as primeiras mortes foram notificadas em 26 de dezembro. Desde então, técnicos do Programa Estadual de Controle das Arboviroses estiveram no condomínio para coletar os animais e enviá-los ao Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco. “Caso alguém encontre um animal morto, deve acionar a Secretaria Municipal de Saúde para que faça a manipulação correta e notifiquem os casos. É importante que a população não alimente animais silvestres”, disse a gerente do Programa de Controle das Arboviroses da SES-PE, Claudenice Pontes.
Desde 2017, Pernambuco faz vigilância em epizootia para monitorar a mortalidade de primatas. Desde então, não há nenhum óbito relacionado à febre amarela desses animais no estado. “É importante que a população saiba que os macacos podem nos salvar porque estão mais vulneráveis e podem nos ‘informar’ com mais rapidez da presença de algum vírus por estarem mais suscetíveis. O herpes, por exemplo, é muito comum em animais de vida livre. Então, muitas pessoas que dão comida, mordem uma banana e oferecem ao macaco, e podem passar ao animal. Para eles, a herpes pode ser fatal”, disse a professora Maria Adélia Oliveira, do departamento de morfologia da UFRPE.
De acordo com a Secretaria de Saúde, o estado não registra casos autóctones (circulação interna) de febre amarela em Pernambuco desde 1938.
Transmissão
– O vírus da febre amarela é transmitido pela picada dos mosquitos infectados
– A doença não é passada de pessoa para pessoa
– No ciclo silvestre, os macacos são os principais hospedeiros e amplificadores do vírus, transmitidos por mosquitos Haemagogus e Sabethes
– No ciclo urbano, o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica e a transmissão ocorre a partir de vetores urbanos (Aedes aegypti) infectados
Sintomas
Início súbito de febre, calafrios, dor de cabeça intensa, dores nas costas, dores no corpo em geral, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza
Tratamento
Cuidados ao paciente que, sob hospitalização, deve permanecer em repouso, com reposição de líquidos e das perdas sanguíneas, quando indicado. (DP)