Sala de crise do São Francisco se reúne urgente para discutir qualidade da água

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A sala de crise, promovida pela Agência Nacional de Águas (ANA) para discutir as condições hidrológicas do Rio São Francisco, realizou reunião especial essa semana. A convocação discutiu a qualidade das águas do rio Paraopeba, afluente do Velho Chico, e da represa de Três Marias e serviu para informar sobre providências tomadas em relação ao rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais. As discussões foram transmitidas por videoconferência para os estados da bacia do chamado rio da integração nacional e ampliou o número de participantes, em comparação com as videoconferências regulares, que acontecem quinzenalmente.

O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, acompanhou toda a reunião no escritório do colegiado em Maceió (AL). Ele avaliou como positiva a iniciativa e considerou o saldo satisfatório da reunião. “Nós ficamos satisfeitos com a iniciativa e atende a demanda do Comitê do São Francisco, bem como do Comitê do Paraopeba”, resumiu Miranda.

Para ele, esse contexto de informações é fundamental para contribuir na redução da ansiedade das pessoas. “O horizonte, agora, vai ficando mais claro em relação a dimensão dos impactos. Isso não significa dizer que o alerta seja desativado. Trata-se de um cenário complexo e envolve cenários futuros. Isso irá ajudar muito aos comitês e aos estados da bacia do São Francisco, por terem informações mais concretas e conjuntas das questões”, acrescentou o presidente do CBHSF.

O diretor da ANA, Ney Maranhão, abriu as apresentações e considerou ser este um momento importante, pois permite transmitir informações e medidas adotadas desde 25 de janeiro, quando ocorreu o rompimento da barragem da empresa Vale. Na apresentação, Maranhão exibiu um quadro geral sobre a área em que estava a barragem. Ele informou que a agência faz o acompanhamento em 61 pontos de monitoramento, sendo 46 no São Francisco a jusante de Três Marias.

A equipe técnica do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) fez uma apresentação, na qual informou que foram instalados três pontos de coleta e observação em Três Marias e é possível identificar que a pluma de rejeitos está distante cerca de 25 quilômetros do reservatório, em lenta movimentação e sem alteração significativa na qualidade da água do local.

Eduardo Virgílio, do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), informou que o órgão identificou que a cabeceira do Paraopeba apresenta muitas variações de material, especialmente manganês e que o alumínio, que poderia apontar para uma possível contaminação das águas, não tem relação com a barragem; é característica do rio.

Em nome da empresa Vale, Guilherme Alves disse que acompanha a qualidade da água e segue todas as metodologias, com laboratório certificado. Segundo ele, foram instalados 44 pontos de monitoramento no Paraopeba até final de janeiro e atualmente, esse número subiu para 65 pontos.

A reunião contou com um número amplo de participantes, a exemplo de representantes das universidades, órgãos públicos, comitês de bacia, gestores e governos estaduais, entre outros.